Empresários e economistas estão pessimistas sobre fim da recessão

O economista Adilson Alves prevê que o PIB no Brasil deve cair em torno de 2%, enquanto o da região deve ter uma perda de 3% a 5%.

O clima de pessimismo com relação à economia do País e do ABC prevalece entre economistas e líderes empresariais da região. A melhora mesmo só começará a ser sentida a partir do segundo semestre de 2016 ou em 2017. O economista e filósofo Adilson Alves, da Fundação Santo André, prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve cair em torno de 2%, enquanto o da região deve ter uma perda ainda maior, de 3% a 5%, até o final deste ano.

“Parece contraditório, mas a política econômica do governo contribui para aumentar a recessão. E o ABC, por ser muito dependente do setor automotivo, é afetado diretamente pela política macroeconômica. Para se ter ideia, o último ano em que o PIB regional apresentou crescimento foi em 2011. De lá para cá, só houve redução e acredito que nosso PIB encolherá, entre 3% e 5%, enquanto o do País deve cair uns 2%”.

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No ponto de vista de Alves, a população vai demorar para sentir a melhora na economia. “Essas políticas demoram para surtir efeito. Somente em 2017 o problema estará resolvido, mesmo assim, pontualmente”, calcula o economista da FSA.

O economista Sandro Maskio, da Universidade Metodista, reforça as palavras de Alves, ao lembrar que, historicamente, os mecanismos capazes de vencer a inflação foram aqueles que provocaram retração. “Por causa disso, minha expectativa é de que a recuperação econômica só comece a ser sentida em meados do ano que vem. E será lenta. Não há outra receita”, disse.

A dependência que o ABC tem do setor automotivo também é comentada por Maskio. “Neste momento, o setor automotivo não conta com redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a população está com a capacidade de compra reduzida e a crise na Argentina prejudicou muito as nossas exportações de automóveis. Com tudo isso, claro que as cidades da região sentiram com mais intensidade a retração”, diz o professor.

Política industrial

O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte da Silva, conta que a perspectiva sobre a economia e, principalmente, a indústria nacional é “absolutamente desastrosa”. Em seu ponto de vista, pior do que a política econômica atual é a falta de uma política industrial de longo prazo.

“Diadema depende das autopeças e eu não vejo nenhum plano para resgatar a indústria nacional que perdeu mercado interno e externo. Com a crise nas montadoras, as autopeças precisaram pedir empréstimos para honrar compromissos. Estão endividadas e com faturamento menor. Isso vai estourar lá na frente”, alerta.

O vice-diretor do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miagutti, avaliou o primeiro semestre como péssimo e não acredita em melhora nos próximos meses. “Infelizmente, não vejo luz no fim do túnel. Não há sinalização de que este segundo semestre seja melhor”, comenta o empresário.

Miagutti também demonstra preocupação com a briga política em Brasília. “Torço muito para os nossos governantes separarem as questões políticas das econômicas. Vamos apurar a corrupção, mas não precisamos parar as obras em andamento, pois o Brasil só perde com isso”, comenta.

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