Bactérias causadoras de doenças contaminam Billings

Braço Rio Grande está em melhores condições para captar água (Foto: Banco de Dados)

A conclusão da primeira etapa da Expedição Billings, iniciativa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), aponta para um quadro negativo das condições do reservatório. Quatro tipos de bactérias foram encontradas com predominância nas águas, todas causadoras de problemas gastrointestinais e doenças na pele. Regiões da Billings, antes acessadas por caiaque, estão bloqueadas por grandes placas de fezes e lixo acumulados.

Marta Ângela Marcondes, professora responsável pela pesquisa, conta que a Capital e Diadema são as principais causadoras da poluição. Diz que a reversão das águas do rio Pinheiros, para evitar enchentes na Zona Sul de São Paulo, faz com que todos os detritos se acumulem na represa. As ocupações irregulares e o não tratamento do esgoto, em Diadema também contribuem. “Além disso, São Bernardo tem áreas que há cinco anos não eram ocupadas”, aponta.

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Para a professora, não se pode atribuir a poluição apenas às ocupações irregulares, mas à falta de planejamento e de gestão. As obras do Rodoanel trouxeram um problema gravíssimo de assoreamento, além dos hidrocarbonetos emitidos pelos carros, e os dutos da Petrobrás e da Congás que exigem uma movimentação no reservatório, diz.

A expedição percorreu 450 km de margens da Billings e recolheu material em 163 pontos. Destes, apenas 15% apresentaram boa qualidade, com base em quesitos, como turbidez, oxigenação, e quantidade de coliformes fecais. Além das bactérias, amônia, sulfatos e sulfetos – principais indicadores da presença de esgoto doméstico -, foram encontradas grande quantidade de cianobactérias, algas que produzem toxinas e causam desoxigenação da água.

Rios Grande e Pequeno

Os braços dos rios Grande e Pequeno, segundo Marta, estão em melhores condições. Entretanto, a atual transposição das águas do rio Pequeno para sanar os problemas da crise hídrica na Capital pode ocasionar outros transtornos. “O braço do rio produz 2m³/s de água, e o poder público quer retirar 4m³/s, a conta não fecha. Com o tempo, essa parte do reservatório pode secar”, afirma.

Além disso, diz, sem barragens, o aumento na vazão das águas pode favorece os braços não poluídos contaminarem os demais. “É como vestir um santo para desvestir o outro”, diz. Marta aponta que a grande quantidade de lixo acumulado reduz, ainda, a capacidade da represa. “A Billings pode reservar 1,2 trilhão de litros de água, mas nessa toada, a capacidade vai diminuir”, afirma.

Com a finalização da coleta de amostras, começa o processo de estatísticas e pesquisa ambiental, que irá detalhar a qualidade da água, com um novo panorama da Billings em junho. Em agosto começa a devolutiva dos dados para a sociedade civil, com palestras nas sete cidades do ABC e na Zona Sul de São Paulo. Pesquisas também serão feitas com a população próxima ao reservatório para identificar a ocorrência de doenças.

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