Marinho promete cortar ponto de servidores que estão em greve

Servidores protestaram em frente ao Hotel Palmleaf nesta terça-feira (Foto: Pedro Diogo)

A prefeitura de São Bernardo vai descontar do salário dos servidores os dias parados devido à greve que começou no dia 13 de maio. A categoria entra nesta quarta-feira (27) no 15º dia de paralisação, sem nenhuma perspectiva de quando o impasse entre trabalhadores e administração municipal vai chegar ao fim.

Nesta terça-feira (26) o prefeito Luiz Marinho (PT) foi alvo de protestos enquanto participava de evento de lançamento do Cadastro Geral das Indústrias, no hotel Palmleaf, na avenida das Nações Unidas. Enquanto o evento acontecia no auditório do hotel, era possível ouvir a manifestação que ocorria do lado de fora, que chegou a interromper o trânsito no viaduto Kenzo Uemura.

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“Claro [que haverá desconto no salário]. Horas não trabalhadas são horas não renumeradas. Não tem essa possibilidade de o cidadão não trabalhar e ganhar, em nenhum lugar do mundo”, afirma o prefeito de São Bernardo. “O sindicato tem que ter responsabilidade, falta flexibilidade e compreensão do momento econômico que a cidade vive. Se quiser, vão fazer greve por mais tempo, mas uma hora a greve acaba”.

Marinho, – que chegou a usar a expressão “greve chata” ao comentar a paralisação em discurso feito aos industriais –, aponta queda de R$ 300 milhões na arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços) para justificar a proposta de reajuste de 7,68% parcelado em duas vezes (no próximo salário, retroativo a março e em dezembro).
O secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo, Tarcísio Secoli, foi vaiado quando chegou ao hotel para participar do evento.

Corte ilegal
A ameaça feita pelo prefeito poderá ser conferida pelos servidores no próximo sábado (30), quando serão depositados os salários da categoria.

“Se ele proceder um desconto sem decisão judicial está tomando uma decisão ilegal. Não creio que essa ameaça vá diminuir a participação ou desmobilizar a categoria. Nós vamos tomar as medidas cabíveis e necessárias se o prefeito realizar esse desconto. Seria uma atitude anti-sindical para tentar coibir a greve da categoria”, afirma o presidente do Sindserv (Sindicato dos Servidores) de São Bernardo, Giovani Chagas.

Sem comparação
A negociação dos servidores de São Bernardo com a Prefeitura destoa do que ocorreu em outras cidades da região. Apesar de ter o maior orçamento do ABC, o município foi o último a apresentar proposta de reajuste aos servidores e ainda assim índice menor do que todas as outras prefeituras.

Rio Grande da Serra, por exemplo, ofereceu 9% de aumento de uma única vez. São Caetano vai elevar os salários dos servidores em 9,15%, também sem parcelamento. Em Mauá o reajuste será de 8,13%, aplicado de uma vez.

“Cada cidade tem uma realidade. O tamanho do orçamento nominal não quer dizer que a situação da cidade é mais ou menos complicada. Pelas características da economia de São Bernardo temos uma queda brutal na arrecadação de ICMS”, justifica Luiz Marinho.

(Colaborou Victor Hugo Félix)

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