Economia do ABC encolhe 5% em 2014, aponta Observatório Econômico

De acordo com a fundação Seade, a massa salarial diminui 8,4% em 2014 no ABC, enquanto a queda na região metropolitana foi menor (-3,3%).

O PIB (Produto Interno Bruto) da região caiu pelo quarto ano seguido. Levantamento realizado pelo, Observatório Econômico da Universidade Metodista, divulgado nesta quarta-feira (29), revela que a retração da economia do ABC foi de 5,09% em 2014 em relação ao ano anterior. Neste mesmo período, o PIB do Estado de São Paulo caiu 1,90% e o Brasil teve crescimento modesto de 0,15%.

Os números deixam claro que o ABC tem sofrido mais com os impactos da desaceleração econômica que atinge o país. A explicação para o número alarmante está na indústria de transformação, que tem peso significativo na economia regional e fechou 2014 com desempenho sofrível – mais de 14.500 empregos formais foram eliminados no setor no ano passado. A construção civil cortou 1.150 postos de trabalho.

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“O Estado e o País têm economias mais diversificadas, que não dependem tanto da atividade industrial como o ABC. Tem o setor agrícola, por exemplo, que tem apresentado desempenho positivo nos últimos anos”, explica o coordenador de Estudos do Observatório Econômico da Metodista, Sandro Maskio. “É natural que do ponto de vista regional as economias dependam de um outro setor especificamente e por isso a gente sofre muito quando aquele setor específico vai mal”.

A retração de 5,09% do PIB do ABC contrasta com o crescimento de 11,83% do Produto Interno Bruto da região de 2010. Naquele ano, a indústria automobilística vivia o auge dos benefícios provocados pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A partir do ano seguinte, a economia da região só registrou quedas: 2011 (-1,08%); 2012 (-5,30%) e 2013 (-0,41%).

Cenário nebuloso

O boletim EconomiABC, divulgado pela Metodista nesta quarta, é um raio-x da economia da região que inclui também indicadores levantados por outras instituições. Os dados compõem um quadro preocupante, composto quase que somente por indicadores negativos.

A balança comercial da região fechou o ano passado com déficit de US$ 240 milhões, puxado pela queda de 23,2% nas exportações, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Além disso, 2014 foi o ano em que ocorreu a maior redução no número de empregos na região nos últimos 15 anos segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.

A renda do trabalhador do ABC também caiu. De acordo com a fundação Seade, a massa salarial diminui 8,4% em 2014 no ABC, enquanto a queda na região metropolitana foi menor (-3,3%). A renda reduzida impacta diretamente no comércio, que passa a vender menos.

O custo da cesta básica subiu 11,24% em um ano, chegando ao preço de R$ 470,20 em dezembro de 2014, segundo a Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

Na avaliação de Sandro Maskio, os municípios tem poucas ferramentas para reverter a recessão da economia regional, já que o quadro negativo é provocado principalmente por fatores macroeconômicos, que não estão ao alcance das prefeituras.

“O que conseguimos fazer regionalmente é agir a longo prazo, organizando o espaço urbano para garantir estrutura para o setor produtivo. Do ponto de vista de incentivo fiscal ou tributário o município tem pouquíssima autonomia sobre questão tributária. ISS e IPTU, por exemplo, não representam quase nada no cômputo do tributo”, avalia Maskio.

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