Baixa adesão à campanha do HPV faz Prefeitura mudar estratégia

Apesar de focada nas meninas, meninos também podem ser vacinados (Foto: Divulgação)

Neste ano, a campanha de vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano), que visa à prevenção do câncer de colo de útero, apresenta baixa adesão na maioria das cidades do ABC. Santo André foi quem mais sofreu a mudança em relação ao cenário de 2014. Ano passado, o município imunizou 14.287 meninas de 11 a 13 anos na primeira fase, ou seja, cerca de 105% do público alvo estimado. Já em 2015, a realidade é bem diferente. Até o dia 24 (sexta-feira), apenas 41,1% das adolescentes entre nove e 11 anos haviam sido imunizadas, enquanto a meta preconizada pelo Ministério da Saúde é de 80% de cobertura vacinal. Devido à importância do projeto, a Prefeitura de Santo André busca novas estratégias para atingir o público.

Segundo dados da Prefeitura, o problema é explicado por uma soma de fatores. A primeira dificuldade encontra-se no público-alvo de 2015, a faixa etária de nove a 11 anos. Também há a falta de aceitação da própria vacina, observada desde a disponibilização da segunda dose no ano passado. Muitos pais (ou responsáveis) sentem-se inseguros quanto a eventos adversos que possam ser causados pela medicação. O medo difunde-se em razão de casos que muitas vezes não estão relacionados diretamente à vacina, mas sim ao estado emocional das pacientes. Além disso, a não apresentação da caderneta de vacinação pelas alunas nas campanhas realizadas em escolas impediu a vacinação. Isso porque, sem o controle, poderiam ser aplicadas doses repetidas.

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Outra complicação surge com um entendimento incompleto da proposta da vacina. Djalma Neto, infectologista do Centro Médico Alfa, em Santo André, explica a incompreensão: “muitos pais acreditam que há uma influência na decisão da adolescente sobre iniciar a vida sexual”. Porém, para o médico, tal pensamento é um mito e deve ser eliminado. “A vacina somente proporciona uma proteção maior para a pessoa”, diz.

Para resolver a situação, a Prefeitura de Santo André está com algumas propostas: uma busca ativa do público-alvo pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), principalmente as que contam com a Estratégia Saúde da Família (ESF); o aproveitamento do dia nove de maio – Dia D da Campanha de Vacinação contra Influenza – para atualizar a vacina do HPV e o reforço da relação de meninas não vacinadas nas escolas.

Campanha no ABC
Diadema apresenta a menor adesão. Na cidade, existem 20 mil meninas na faixa etária de 9 a 14 anos. Destas, até o dia 23, apenas 3.074 haviam sido imunizadas, um equivalente a 15% do total. A cidade informa que a vacina contra o HPV está disponível em 15 UBSs e que a campanha continua até a meta de 80% ser atingida.

Em Mauá, até o dia 10, 50,56% das 10.550 adolescentes entre nove e 11 anos haviam sido imunizadas. De acordo com a Secretaria de Saúde do município, para ampliar a cobertura, Mauá tem trabalhado com o esclarecimento sobre a importância da vacinação para prevenir o câncer de colo de útero. Para isso, a imunização é realizada nas 23 UBSs da cidade e em escolas públicas com uma equipe do Departamento de Vigilância Epidemiológica.

Ribeirão Pires vacinou 46,39% das meninas entre nove e 11 anos do município até o dia 22. São Bernardo, por sua vez, imunizou, até 15 de abril, 10.992 adolescentes. Mas a cidade continua com a ação em escolas e não apresenta previsão de encerramento, já que a meta engloba a imunização de cerca de 17 mil jovens.

São Caetano foi a única cidade a bater a meta de 80%. A realização foi alcançada no dia 17, quando se encerrou a iniciativa da campanha nas escolas municipais, estaduais e particulares. Mesmo assim, a imunização continua nas Unidades Básicas de Saúde até o dia 17 de maio, para, depois, entrar na rotina da rede pública.

Meninos
Muitas pessoas questionam se somente as meninas podem tomar a vacina. Djalma Neto, infectologista do Centro Médico Alfa, em Santo André, explica que os meninos não só podem como devem ser imunizados. “Os homens são os maiores disseminadores do vírus nas relações heterossexuais”, comenta.

Em relação à faixa etária, apesar do foco das ações das Prefeituras, adultos também podem ser imunizados contra o HPV. “A indicação é ser aplicada antes do início da vida sexual, mas a vacina também apresenta eficácia depois, se não tiver havido contato com o vírus”, explica o médico.
 

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