Lay-off envolverá 450 trabalhadores da Pirelli

Pelo dispositivo do lay-off o trabalhador suspenso passa a receber seguro desemprego e a diferença salarial é coberta pela empresa.

A Pirelli propôs colocar 450 trabalhadores em lay-off – suspensão do contrato de trabalho por período determinado –, na unidade de Santo André, como forma de reduzir custos e conter os efeitos da crise que derrubou a venda de pneus no primeiro trimestre do ano. A medida é prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas só pode ser aplicada pelo período de cinco meses. Caso esse tempo não seja suficiente para a empresa se recuperar, os trabalhadores podem ser demitidos.

Na tarde desta quarta-feira, 1° de abril, em assembleia na porta da fábrica, os empregados foram informados da decisão. Em discurso para os funcionários, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros da Grande São Paulo (Sintrabor), Márcio Ferreira, ponderou que as crises que afetam o setor de produção de pneus no Brasil são sazonais.

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Empregados foram informados da decisão da empresa em assembleia na fábrica (Foto: Évora Meira)

Em entrevista, contudo, Ferreira apontou que mesmo a Presidência da República tem baixas expectativas quanto à recuperação da economia nacional no curto prazo. “A Presidente Dilma já afirmou que a situação só poderá melhorar no final do ano. A legislação trabalhista indica que os funcionários só podem ficar em lay-off por cinco meses. Se passar esse tempo e a empresa quiser demitir os funcionários afastados, o sindicato lutará para manter os empregos”, disse.

Pelo dispositivo do lay-off o trabalhador suspenso passa a receber seguro desemprego e a diferença salarial é coberta pela empresa. Durante o período, o funcionário frequenta cursos de qualificação. Ferreira anunciou ao empregados que na próxima segunda-feira (6/4) haverá novo encontro com a diretoria da Pirelli para discutir elementos no acordo que garantam outros direitos aos trabalhadores em lay-off. “Queremos que eles recebam vale transporte para frequentar os cursos exigidos pela CLT”.

A crise enfrentada pela Pirelli, segundo Ferreira, afeta também a concorrência. “Sabemos que outras empresas têm 1,1 milhão de pneus estocados, sem vender. A Pirelli enfrenta um quadro parecido: as vendas caíram, mas a produção continua a mesma”.

O presidente afirma que a única saída para superação da crise é a redução da produção. “Não podemos exportar pneus porque a Europa, por exemplo, usa outro padrão desse produto. A nossa produção é para o mercado interno, apenas, então temos poucas alternativas”, afirmou.

Adequação

A Pirelli, que evitava a imprensa nos últimos dias, informou, por meio de nota, que “frente ao cenário econômico nacional e ao andamento negativo do setor automotivo e visando adequar o nível de produção à demanda atual e futura do mercado, está negociando com o Sindicato da categoria um programa de lay-off para aproximadamente 1.500 funcionários das quatro fabricas brasileiras (Santo André (SP), Campinas (SP), Gravataí (RS) e Feira de Santana (BA) que pode ter início no final de abril e duração de 5 meses”.

Reunião

Na terça-feira (31/3), a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Econômico de Santo André, Oswana Fameli, recebeu o diretor de Relações Institucionais da Pirelli, Mario Batista. Na pauta, a venda de 26% das ações da empresa para o grupo chinês ChemChina (China National Chemical Corp), em uma negociação que envolve US$ 7,7 bilhões. A preocupação era com a possibilidade de o acordo de venda ter consequências negativas para a fábrica da região como demissões em massa ou mesmo o fechamento da unidade. A informação, no entanto, é de que o lay-off previsto nada tem a ver com a operação de venda.

“Explicaram que a venda é uma operação mundial de acionistas em que a Pirelli não perde sua identidade. A ideia é torná-la mais forte no mercado asiático e que o atual presidente mundial, Marco Tronchetti Provera, está mantido pelos próximos cinco anos. Neste período, nada muda”, relatou Oswana.


A vice-prefeita recebeu o diretor Mario Batista na última terça-feira (31) (Foto:banco de dados)

Campanha salarial começa dia 11

O Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros da Grande São Paulo (Sintrabor) iniciará, no dia 11 de abril, na Praia Grande (SP), a campanha salarial deste ano por meio de um seminário que reunirá representantes de sindicatos da categoria de todas as partes do Brasil.

A previsão do presidente Márcio Ferreira é de que as negociações com as empresas sejam difíceis por conta da queda nas vendas que, segundo relatório da Anip, entidade que representa os fabricantes de pneumáticos, está negativa em 19%, em média, na comparação com o primeiro trimestre de 2014. “A situação econômica está difícil e é neste cenário que vamos negociar com os empresários”, afirma Ferreira.


Ferreira prevê dificuldades nas negociações com empresas (Foto: Évora Meira)

O presidente esclareceu ainda que a campanha deste ano, além de reivindicar ajustes salariais e aumento da participação nos lucros e resultados (PLR) vai propor a unificação do piso salarial, que hoje é diferenciada para os setores de pneumáticos e de artefatos de borracha.

A ideia, inclusive, é fechar um acordo para que os trabalhadores em lay-off recebam os salários reajustados de acordo com o que for acertado entre empresa e sindicato. “Nas próximas reuniões com a empresa, vamos exigir que os funcionários em lay-off tenham também direito às reivindicações que conquistarmos na campanha”.

Os índices salariais a serem exigidos durante a campanha serão definidos durante o seminário. (Colaborou Victor Hugo Felix)

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