Greve dos garis chega ao 5º dia nesta sexta e situação se agrava

“Os patrões e os prefeitos estão preguiçosos”, reclama o presidente do Siemaco ABC (Sindicato dos Empregados em Limpeza Pública), Roberto Alves da Silva.

A geve dos coletores de lixo e garis do ABC chega nesta sexta-feira (27) ao quinto dia, com o agravamento da situação em ruas e avenidas da região.Não houve até agora nenhum avanço nas negociações, nem sinalização de nova proposta de reajuste.

“Os patrões e os prefeitos estão preguiçosos”, reclama o presidente do Siemaco ABC (Sindicato dos Empregados em Limpeza Pública), Roberto Alves da Silva. “A população deve cobrar os prefeitos de cada município. O sindicato tem disposição para negociar, mas as empresas fogem da negociação”, diz.

Newsletter RD

A categoria pede 11,73% de reajuste, o que elevaria o salário dos atuais R$ 1.115 para cerca de R$ 1.245. Os empresários ofereceram 7,68%. Em audiência na tarde de terça-feira (24), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) sugeriu reajuste de 9,5%. A proposta foi imediatamente recusada pelo Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo).

Polícia

O sindicato que representa os coletores reclama que integrantes da GCM (Guarda Civil Municipal) e das Polícias Militar e Civil estariam atuando nas garagens das empresas (principalmente em Santo André), com o objetivo de intimidar trabalhadores a não aderir à greve. Oito caminhões chegaram a percorrer a cidade nesta quinta-feira, sob proteção policial, para realizar a coleta.

Os coletores e garis realizarão protesto no Paço de Santo André na próxima segunda-feira (30), caso o impasse continue. O prefeito Carlos Grana (PT), que ajudou a costurar acordo que deu fim à greve do ano passado, ainda não vislumbra quando a mobilização vai acabar.

“Estou acompanhando as negociações, fazendo esforço no sentido de buscar uma solução negociada. Eu torço para que se chegue a um entendimento. Insistimos com o sindicato patronal e com os coletores para que entrem em um acordo, para não ficar uma situação insustentável”, afirma o prefeito.

Danos

Em Santo André, os comerciantes se dividem quanto aos planos para enfrentar a crise. Felipe Rodrigues, gerente do Sherlock Dog, restaurante localizado no bairro Jardim, afirma que armazena os resíduos produzidos no depósito do próprio restaurante, porém não sabe quanto poderá guardar no caso de a crise se estender por muitos dias.

Já Evaldo Vieira, comprador do bar Confraria, localizado no mesmo bairro, não tem a sorte de possuir um depósito. Para agravar a situação, todos os resíduos do quarteirão da alameda São Caetano são depositados em frente ao bar. Isso ocorre por aquele ser o melhor ponto para os coletores de lixo apanharem os sacos. “Não sabemos o que vamos fazer se a greve continuar. Ano passado, catadores de lixo que trabalham por conta própria deram conta do serviço. Esperamos que agora ocorra o mesmo”, afirma Vieira.

Duas cidades abrem frentes alternativas para coleta

São Caetano já tomou providências para diminuir os efeitos caóticos da greve. Colocou caminhões da Prefeitura para recolher parte do lixo acumulado, ao mesmo tempo em que são fiscalizados pela Guarda Civil Municipal. Apesar da atitude tomada, comerciantes da região central dizem que as medidas são insuficientes, pois há muito lixo parado nas calçadas.

Em nota de esclarecimento, Prefeitura de Ribeirão Pires informa que, em caráter de emergência, disponibilizou seis caminhões para realizar a coleta no Centro e nas principais avenidas da cidade. Os veículos realizarão o serviço todos os dias, das 8h às 18h, até sexta-feira (27).

O RD andou pelas ruas de São Bernardo e viu que a situação está normalizada na cidade. Isso porque a SBC Valorização de Resíduos, responsável pela limpeza pública na cidade, não aderiu à greve. Além de São Bernardo, a categoria em Rio Grande da Serra não aderiu ao movimento de paralisação.

População

Os moradores do ABC discordam a respeito da greve. Irineu Borges, morador do bairro Cerâmica, em São Caetano, é favorável à paralisação. “Eles têm de reivindicar os próprios direitos, e mesmo que atinja a população, não existe outro jeito além desse. A sujeira não é agradável, porém, na minha opinião, a Prefeitura logo tomará providências. Não podemos aguentar isso por mais do que três ou quatro dias”, comenta.

Camila Andrade, residente da vila Assunção, em Santo André, tem opinião diferente. “Não concordo com a greve. Tudo poderia ser resolvido sem atingir o resto da população, que depende do trabalho dessas pessoas”, afirma a moradora. (Colaborou Anna Clara Mota)

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes