Cleuza defende mudanças na merenda em visita à Câmara

Secretária de Educação foi convocada pelos vereadores (Foto: Pedro Diogo)

Após semanas de muita expectativa, a secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho, esteve na Câmara de São Bernardo na última quarta-feira (18) para falar sobre as polêmicas mudanças na merenda das escolas municipais. A convocação foi feita no mês passado pelos vereadores.

O assunto veio à tona em fevereiro, quando pais de alunos foram comunicados sobre alterações na distribuição das merendas. Em 80 das 200 escolas municipais, a Secretaria da Educação cortou almoço (para quem estuda à tarde) e café-da-manhã (para quem estuda no período matutino).

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Uma das justificativas da Prefeitura é que a medida foi tomada para combater obesidade infantil. O argumento foi reiterado por Cleuza Repulho em sua visita à Câmara.

“Nós estamos trabalhando com a prevenção. Vários dos senhores falaram aqui sobre a preocupação com a obesidade. A ideia sempre foi, desde 2009, investir na prevenção. Não trabalhamos como se todas as crianças fossem obesas. Estamos prevenindo e trabalhando pela alimentação saudável”.

A secretária afirmou que os casos de redução de merenda que poderiam ser revistos já foram avaliados. “Todas as escolas que pediram revisão e as nutricionistas acompanharam, foram feitas as adequações necessárias, seja para aumento ou diminuição da merenda”.

Sessão

A secretária chegou ao Legislativo às 9h e fez apresentação de cerca de 8 minutos, apresentando os principais argumentos que justificam a readequação nas merendas – principalmente obesidade das crianças e desperdício de alimentos.

Depois da explanação inicial da secretária, cada vereador teve direito de utilizar 3 minutos para fazer perguntas. Cleuza anotou todas as questões dos parlamentares e respondeu posteriormente.

Como era previsto, a sessão foi marcada por momentos de barulho, vaias e gritaria. Mas os protestos não foram direcionados à secretária. Quem esperava um clima hostil para Cleuza na plateia acabou presenciando o cenário oposto.

O governo adotou a estratégia de lotar o auditório com funcionários comissionados, o que fez com que a plateia fosse composta quase que 100% por apoiadores do governo. Os vereadores de oposição eram vaiados e Cleuza Repulho era aplaudida.

De fora

Os munícipes que foram à Câmara com o objetivo de protestar contra o corte de merenda ficaram de fora do auditório. A justificativa oficial da Casa é que a medida foi adotada porque a lotação máxima de 300 pessoas tinha sido atingida.

De fato, os comissionados chegaram cedo e conseguiram ocupar o auditório do Legislativo antes do início da sessão. No entanto, diversas cadeiras ficaram vazias e mesmo assim, os moradores contrários à secretária não foram autorizados a entrar.

“Não nos deixaram entrar na Câmara, mas não vamos no calar”, reclamou o professor Evandro Gea, que usava nariz de palhaço e não conseguiu entrar no Legislativo.

Sessão teve bate-boca

A participação de Cleuza teve momentos tensos. Os vereadores de oposição, Julinho Fuzari (PPS) e Pery Cartola (SDD), protagonizam discursos acalorados contra a secretária de Educação.

“É visível que vossa excelência nada entende de regime”, atacou Pery Cartola. “Faça uma serviço à municipalidade de São Bernardo: arrume uma caixa de papelão, junte seus pertences e pede para sair”, afirmou o vereador, aos gritos, enquanto levantava um papel pedindo a saída da secretária.

Julinho Fuzari também elevou o tom contra Cleuza. O parlamentar tentou interromper a fala da secretária quando ela começou a responder as perguntas dos parlamentares.

“Eu gostaria de responder a todos os nobres vereadores, mas não vou admitir, como mulher, que um homem grite comigo durante a sessão. Não grite comigo! Me respeite!”, bradou Repulho.

Balanço

Minutos antes do fim da sessão, o presidente da Câmara, José Luis Ferrarezi (PT), fez um balanço da participação da secretária Cleuza Repulho.

“A sessão foi exatamente aquilo que eu previa. Os comportamentos de todos, exaltados, não entendo porque. Todos os lados vêm com suas cores partidárias e colocam acima do debate. Isso é lamentável e apequena bastante a função do Legislativo”, afirma Ferrarezi.

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