Em janeiro foram detectados 44 casos de dengue no ABC

Agentes de controle de vetores visitam casas do Taboão, em São Bernardo, para aplicar inseticida. (Foto: Divulgação)

Os dados mais recentes sobre a epidemia de dengue são preocupantes na região. Até o momento, foram confirmados 44 casos nas cidades do ABC, exceto Rio Grande da Serra que não enviou informações até o fechamento da edição. Os registros têm aumentado nos últimos meses. Uma das razões seria o armazenamento de água da chuva pelo população, preocupada com os rumores de desabastecimento em função da estiagem.

A situação tem ficado pior por conta do rodízio de água. “As pessoas armazenam água e às vezes não tampam os recipientes, que se torna um excelente criadouro para o Aedes Aegypti procriar”, afirma Robson Oliveira Lopes, biólogo responsável pelo setor de Controle de Roedores Vetores e Animais Sinantrópicos da GCZ (Gerência de Controle de Zoonoses), de Santo André.

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Na cidade, somente em janeiro, houve 74 notificações e seis casos confirmados. Em 2014, foram detectados 1.472 suspeitas, o dobro do ano anterior. O trabalho de fiscalização nas casas é dificultado pelo fato de os moradores nem sempre estarem presentes. “Cerca de 30% dos moradores não estão em casa quando vamos visitar”, reclama Lopes, para quem a conscientização é a arma mais eficaz. “Cada um é responsável pelo imóvel onde reside. Portanto, a negligência acaba por prejudicar a própria saúde da pessoa que não tomou os cuidados necessários”, explica o biólogo.

As estatísticas também preocupam em São Bernardo. Em janeiro, dos 150 casos com suspeita de terem contraído a doença, houve a confirmação de dengue em 13. Todos os casos foram importados. No acumulado do ano passado a cidade registrou 616 pessoas contaminadas, sendo 149 só no bairro Taboão. Não por acaso, o bairro é o principal alvo da fiscalização dos agentes de saúde.

“Intensificamos as ações no Taboão em função do número de casos do ano passado”, explica Ericka Avibar, coordenadora do Programa de Combate à dengue na cidade. Além disso, no bairro DER também haverá reforço da fiscalização por conta do aumento de focos, principalmente pelo armazenamento indevido de água. O objetivo é visitar cerca de 80% dos imóveis do município mensalmente.

Aumento

Em Diadema a situação está pior. A cidade possui 19 casos, sendo dois autóctones, ou seja, adquiridos dentro do município. Para se ter ideia da gravidade, em janeiro de 2014 Diadema havia registrado apenas oito casos, sendo quatro na própria cidade. No acumulado do ano passado foram confirmados 442 pacientes com a doença. Segundo Carla Cruz, coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de Diadema, o acúmulo de água em recipientes descobertos causou o aumento expressivo do número de casos neste ano.

A coordenadora ressalta a importância de colocar uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água armazenada, mas apenas se não for para consumo humano. “O armazenamento de forma inadequada é uma das nossas preocupações. A manutenção da água é uma dica importante, precisa limpar o recipiente, colocar a tela que protege, entre outras ações”, diz.

Outros dois casos de dengue foram registrados em Mauá, três em São Caetano e um em Ribeirão Pires, todos no mês de janeiro. Nesta última cidade, a proximidade com a Mata Atlântica seria um dificultador para o combate à epidemia.

“Nossa cidade é cercada pela Mata Atlântica, o que favorece a proliferação dos mosquitos e exige atenção”, apontou o prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides.

Solução

Inseticidas têm uma ação muito limitada sobre o mosquito causador da dengue e ainda podem causar problemas ambientais se usados em larga escala pelo poder público. Diante disso, a melhor forma de combater o Aedes Aegypti é cobrir os recipientes onde a água está armazenada para que o inseto não tenha como se procriar. Este é o conselho do biólogo Robson Oliveira Lopes, responsável pelo setor de Controle de Roedores Vetores e Animais Sinantrópicos da GCZ (Gerência de Controle de Zoonoses), de Santo André.

“Tampar baldes, reservatórios, caixas d´água é muito importante”, explica. “No caso de captação de água da chuva, colocar uma tela de nylon, que permita que entre apenas a água”, reforça Lopes. É muito comum na região, encontrar larvas do mosquito em água parada em vasos e caixas d´água destampadas.

Ele também aconselha muita atenção neste Carnaval. “É preciso tomar cuidado. As pessoas viajam e podem trazer a doença para casa”, alerta. “ É preciso se conscientizar e ajudar os vizinhos na prevenção da dengue”.

Em casos de suspeita de dengue, é aconselhável o munícipe ir ao médico para realizar o atendimento adequado.

Febre Chikungunya

Lopes alerta para uma outra doença causada pelo mosquito, a febre Chikungunya. O transmissor é o Aedes Albopictus, uma espécie variante do Aedes Aegypti. “A população também tem de ficar alerta com esse mosquito. Ele age em um raio de 500 metros”, explica.
Até o momento, foi detectado apenas um caso da Febre Chikungunya no ABC. Um viajante que veio do Panamá chegou infectado com a doença, mas foi devidamente tratado a tempo.

(Colaborou Erika Daykem) 

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