Mauá propõe lavar carros a seco, ampliar rodízio e perfurar poços artesianos

Mauá criou um comitê formado por integrantes do poder público e da iniciativa privada para debater medidas contra a crise hídrica.

Única cidade que decretou oficialmente o racionamento de água na região, Mauá estuda adotar novas medidas para reduzir o impacto da crise hídrica e evitar colapso no abastecimento.

A Prefeitura pretende contratar uma empresa para perfurar poços artesianos em locais estratégicos, com o objetivo de abastecer caminhões-pipa utilizados para garantir fornecimento de água de forma emergencial. O estudo será apresentado para o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão estadual responsável por aprovar a perfuração dos poços.

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Outra medida será a distribuição de kits de redução de vazão de água, visando a redução no consumo. “É um redutor que vai encaixado na torneira. Nas torneiras tradicionais, quando você liga sai aquele volume grande de água. Com esse redutor, esse volume é menor, o que ajuda a reduzir o desperdício. Os kits devem ser distribuídos em no máximo 30 dias”, explica o superintendente da SAMA (Saneamento Básico do Município de Mauá), Paulo Sérgio Pereira.


Mauá criou um comitê formado por integrantes do poder público e da iniciativa privada para debater medidas

Lavagem sem água

Outra medida proposta pela administração é mudar a forma de atuação dos lava-rápidos do município. “A ideia é propor a eles implantar a tecnologia de lavagem a seco, com o apoio da Secretaria de Trabalho e Renda, que vai elaborar programa de treinamento”, explica Paulo Sérgio Pereira.

A lavagem sem água é possível com a utilização de produtos biodegradáveis produzidos sob medida para a limpeza de veículos. A Prefeitura promete também intensificar a fiscalização em busca de lava-rápidos clandestinos, que serão fechados caso o proprietário se recuse a regularizar o estabelecimento.

O governo Donisete Braga (PT) avalia ainda formas de incentivar o uso de caixas d´água, essenciais para garantir abastecimento em meio aos constantes cortes de água. Estudo por amostragem feito pela Odebrecht Ambiental (empresa responsável por tratar o esgoto de Mauá) revela que cerca de 5% da população da cidade não tem caixa na residência. Um levantamento mais preciso será feito nos próximos dias para detalhar a quantidade de caixas e a capacidade de armazenamento em cada casa de Mauá.

Com base na pesquisa feita pela Odebrecht, a SAMA calcula que seria necessário distribuir 5 mil caixas d´água para os moradores que não possuem nenhum tipo de reservação externa. Um parceiro privado poderia ajudar a bancar a compra, estimada em cerca de R$ 1 milhão. A administração ainda estuda a melhor estratégia para viabilizar essa distribuição. Uma alternativa é que o consumidor pague por essa caixa de forma parcelada, na conta de água.

Município admite ampliar racionamento

A SAMA admitiu nesta quinta-feira (12) o que os moradores de Mauá já sabem há semanas: o cronograma de racionamento de água divulgado em setembro do ano passado foi para o espaço.

A ideia inicial era que o corte de água fosse feito apenas uma vez por semana em cada uma das cinco regiões em que Mauá foi dividida, com garantia de água em todo o município no sábado e no domingo. Mas o agravamento da crise prejudicou esse planejamento. 

“Quando a situação está estável estamos mantendo quatro dias com água e um sem [sem contar o fim de semana]. Porém, como a situação vem se agravando, de repente é o momento de anunciar dois dias sem água e cinco com água, de domingo a domingo”, afirma o superintendente da SAMA, Paulo Sérgio Pereira.

Com ou sem anúncio oficial de ampliação do rodízio, moradores de regiões mais altas de Mauá tem sofrido diariamente com o desabastecimento. Bairros como o Jardim Itapark, Parque das Américas, Vila Mercedes, Jardim Camila e parte do Jardim Zaíra são exemplos de regiões elevadas, que terão prioridade na distribuição de água por caminhões-pipa. A SAMA triplicou o número de caminhões que atendem a cidade, de três para nove.

A água de reuso que será produzida pela ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Mauá poderia ajudar a aliviar a crise, mas a estação inaugurada em dezembro do ano passado só vai entrar em funcionamento pleno em julho.

Comitê

A Prefeitura de Mauá criou um comitê formado por integrantes do poder público e da iniciativa privada para debater medidas contra a crise hídrica. O grupo realizou a primeira reunião na tarde desta quinta-feira.

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