Santo André desiste de incinerar lixo e estuda alternativas

Aterro de Santo André tem poucos anos de vida útil. (Foto: Divulgação)

A demora para resolver o impasse em torno do projeto da usina de lixo em Mauá levou Santo André a desistir de incinerar os resíduos sólidos. A unidade seria construída para queimar os dejetos produzidos em ambas as cidades.

As 616 toneladas de resíduos produzidas por dia em Santo André vão para o aterro municipal Cidade São Jorge, que tem um tempo de vida útil curto. O lixo de Mauá vai para o aterro Lara, que fica no próprio município.

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“Podemos trabalhar com outros processos que não necessariamente a incineração”, afirma o superintendente do Semasa, Sebastião Ney Vaz Jr. “Não seria usina, seria outro processo biológico, por exemplo biodigestão. Também há a biometanização, que é um processo bastante utilizado que trabalha com valorização do orgânico, geração de gás e tem um custo bem menor do que usar incinerador”, explica.

A biodigestão é uma maneira de eliminar resíduos orgânicos através da utilização de bactérias que existem na natureza. O processo resulta na produção de adubo e gás combustível, que pode ser utilizado para diversos fins.

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) prevê que o aterro municipal só poderá receber lixo pelos próximos seis anos. As alternativas de processo biológico estão sendo estudadas em parceria com a UFABC (Universidade Federal do ABC).

O aumento da reciclagem também é considerado estratégico. Na última terça-feira (3) o Semasa inaugurou a Central de Triagem de Resíduos Recicláveis, com o objetivo de elevar o índice de reciclagem de 8% para 20%.

Histórico

A ideia começou a ser discutida em 2013, entre as gestões Carlos Grana (PT) e Donisete Braga (PT), mas não vingou devido à falta de acordo entre os representantes da iniciativa privada envolvidos no projeto. A usina se viabilizaria financeiramente através da venda do vapor produzido pela queima do lixo para o Polo Petroquímico.

“A Braskem [empresa do Polo] e a Odebrecht [interessada em construir a usina] não chegaram a um número para viabilizar o negócio com aquela ideia de fornecer vapor para o Polo. Com isso, eles pediram para congelar o projeto. Depende mais deles do que da gente”, afirma o secretário de Governo de Mauá, Edilson de Paula.

O objetivo da Odebrecht era garantir um contrato de longo prazo para a venda do vapor para a Braskem, mas a negociação não obteve sucesso. Diante do impasse, as prefeituras de Mauá e Santo André pouco têm a fazer. Resta aguardar que a iniciativa privada retome o interesse pelo projeto.

São Bernardo

A ideia de construir uma usina de incineração de lixo em Mauá teve como inspiração a usina de São Bernardo, que está patinando O governo admite que a entrega da obra não vai acontecer antes de 2016, último ano da administração Marinho.

O EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), necessário para início das obras, ainda está em análise pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

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