Crise hídrica se agrava e põe ABC em alerta máximo

O governo do Estado já fala em usar água da Represa Billings para socorrer outros reservatórios paulistas.

O mês de janeiro confirmou os principais temores de munícipes e gestores públicos do ABC. A esperança que as chuvas de verão aliviassem a crise hídrica que atinge a região metropolitana de São Paulo deu lugar a ainda mais preocupação com o futuro do abastecimento. As precipitações de chuva não acontecerem no volume ideal ao exemplo do verão passado.Diante do quadro, municípios do ABC entraram em alerta e intensificam as medidas para lidar com o cenário adverso. O governo do Estado já fala em usar água da Represa Billings para socorrer outros reservatórios paulistas.

Única cidade da região que depende exclusivamente do sistema Cantareira, São Caetano começa a discutir a possibilidade de adotar racionamento de água, caso a crise hídrica se agrave ainda mais. De acordo com o DAE (Departamento de Água e Esgoto) a decisão de adotar ou não o rodízio na cidade vai depender de como a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) vai administrar o envio de água para o município nas próximas semanas.

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Desde fevereiro do ano passado, a Sabesp reduziu em 15% a vazão de água para São Caetano. A Prefeitura adotou ações de economia e conseguiu reduzir o consumo em 18%, o que fez equilibrar oferta e demanda e evitou o desabastecimento.

A preocupação do município é se a Sabesp decidir reduzir ainda mais a vazão, ou pior ainda: começar a interromper o envio de água para São Caetano. Se isso acontecer, o racionamento pode ser inevitável. “Se a Sabesp reduzir drasticamente [o envio de água] a gente pode, dependendo da situação, ter de cortar a água na cidade por determinado tempo. Um dia sim e outro não, por exemplo, ou por algumas horas”, explica o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB).

Em Mauá, a Prefeitura se viu obrigada a ampliar o racionamento de água iniciado no ano passado. O cronograma inicial de rodízio previa que cada região da cidade ficaria apenas um dia da semana sem água. A SAMA (Saneamento Básico de Mauá) anunciou agora que o corte de água vai acontecer por dois dias.

De acordo com a empresa, a Sabesp reduziu em 50% a vazão da água enviada para Mauá, que é proveniente dos sistemas Rio Claro (atende 70% da população) e Alto Tietê (atende 30%). “Com o agravamento da crise, a Sabesp tem diminuído gradativamente a distribuição da pressão de água em Mauá nos últimos dias, o que tem causado muitos transtornos e falta de água em toda a cidade”, informa a SAMA, em nota. Moradores de bairros altos são os principais afetados pela crise hídrica em Mauá. Munícipes relatam que chegam a ficar mais de dois dias se abastecimento.

Contas de água estão mais caras na região

Não bastasse o problema de desabastecimento, a maioria moradores do ABC arca com contas de água mais caras. Em Mauá, desde o dia 1º de janeiro está em vigor reajuste de 6,58% na fatura. O aumento tem como base o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para a categoria residencial o valor da tarifa mínima (consumo de até 10 m³) era de R$ 15,36 e passou para R$ 16,37. “Este reajuste está de acordo com a política tarifária definida pelo poder público e fiscalizado pela Agência Reguladora”, justificou a Odebrecht Ambiental, em nota.

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) aumentou em 6,5% o valor da conta em dezembro, atingindo diretamente São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, cidades atendidas pela empresa.

Santo André não tem aumento previsto para este ano, mas a hipótese não está descartada. Caso a Sabesp reajuste o valor da água vendida para o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), a conta pode ficar mais salgada.

Em julho do ano passado o Semasa reajustou a conta em 17,4%. Segundo a autarquia, o índice de aumento teve como objetivo compensar as perdas inflacionárias desde julho de 2011, quando a autarquia tinha aumentado a tarifa pela última vez.

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