Bancários protestam contra proibição de acesso ao caixa

Bancários e artistas protestaram na agência do Bradesco na Marechal Deodoro, em São Bernardo (Foto: Évora Meira)

O Sindicato dos Bancários do ABC realizou nesta terça-feira (16) atividade em defesa dos clientes e usuários dos bancos. O objetivo é denunciar a prática discriminatória que as instituições financeiras vêm adotando na hora de permitir ou não o acesso aos caixas dentro das agências.

Na avaliação do sindicato, a seleção de quem entra ou não na agência obedece a critérios que apontam para um verdadeiro apartheid social e econômico, já que clientes que vão fazer transações com valores inferiores a R$ 1 mil são “empurrados” para o autoatendimento ou correspondentes bancários (supermercados, lotéricas etc). O impedimento fere a resolução 3694 do Banco Central, que veda a restrição ao acesso. Além disso, amplia a insegurança, já que estes locais dispõem de menos dispositivos de prevenção de assaltos.

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Embora todos os bancos adotem a prática, a situação é mais grave nas agências do Bradesco, onde foi realizado o protesto nesta manhã. O fato está diretamente relacionado à dispensa de trabalhadores. Quanto menos funcionários, mais os clientes são direcionados para as máquinas. No caso específico do Bradesco foram cortados 1.640 empregos nos primeiros nove meses de 2014.

O segurança Rogério Fernandes Azevedo não conseguiu pagar sua conta de luz na agência. “Vim na agência tirar dinheiro e tentei pagar minha conta de luz, mas o caixa me informou que não pode mais receber contas de telefone, àgua e luz. Me mandou procurar outros lugares como mercado, lotérica, etc. Eu fico indignado! Já estou na boca do caixa e vou ter que ir em outro lugar, pegar fila de novo, para fazer o pagamento do que já poderia ter sido feito com o caixa”, reclama.

O diretor do Sindicato dos Bancários do ABC, Gheorge Vicci, afirma que a reivindicação busca informar a população das infrações do banco. “As agências estão cerceando os clientes. É importante lembrar que existe uma normatização do Banco Central que garante ao cliente a entrada na agência.”, afirma.

Para Vicci, houve mudança de orientação para imposição. “Agora os clientes simplesmente não podem entrar na agência para fazer transações baixas. A opção é do cliente, não do banco. Se o usuário quiser ficar na fila do caixa e ser atendido, ele tem o direito”.

Segurança

Outro problema citado pelos consumidores foi a segurança. Para o aposentado José Carlos Nogueira, a questão não é a mesma no setor dos caixas de autoatendimento. “Se eu fizer uma retirada no caixa de autoatendimento e for assaltado, o banco vai me ressarcir? Se sou proibido de ir lá dentro, o banco tem a obrigação de me devolver”, exclama.

O diretor do sindicato também acredita que a segurança é afetada quando o cliente é impedido de fazer sua transação dentro da agência. “Dentro de uma agência, há as portas, os vigilantes. Existe uma garantia maior de segurança. No autoatendimento acontece muito clonagem de cartões e golpes, é menos seguro. Existem criminosos que ficam na espera de pessoas que estão usando os caixas eletrônicos”, afirma.

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