Moradores vítimas de explosão em academia temem desabamentos

Ideli mostra os escombros da academia, ao lado da sua casa. (Foto: Évora Meira)

Seis meses após o acidente da explosão da Academia Tem, no bairro Pauliceia, em São Bernardo, o problema continua, pois os moradores de casas atingidas sofrem com medo de desabamentos dos imóveis. Em 17 de junho de 2014, a explosão matou duas pessoas e deixou outras 19 feridas. Agora, os vizinhos brigam na Justiça pela reconstrução de suas casas.

Com a divulgação do laudo do acidente, a conclusão é de que um vazamento de gás, aliado a uma fagulha vinda de uma caixa de luz, resultou na explosão. O documento aponta um aumento no consumo de derivados de petróleo, o que comprova a versão dos moradores, que apontaram forte cheiro de gás no local. Também foi constatado que a tubulação, que conectava os botijões, apresentava sinais de corrosão antes da explosão. Ainda foi apontado no laudo que a tubulação foi submetida a esforço superior ao que foi projetado, gerando as falhas.

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Segundo moradores da região, a empresa ofereceu “contrato de silêncio” para que as famílias não entrassem na Justiça. “Eles disseram que arrumariam as nossas casas se não entrássemos na Justiça, mas não aceitamos e vamos brigar pelos nossos direitos”, exclama Ideli Amaral dos Santos, vizinha da academia, que teme pela estrutura de sua casa. “Hoje não se fala mais nisso, não se sabe dos feridos. O assunto parece ter sido abafado, no entanto nossos problemas e sofrimento permanecem”, reclama a moradora.

O RD esteve na casa da psicóloga Ideli e observou os danos. Todas as paredes que faziam fundo para a academia estão com rachaduras, que, segundo a moradora, não param de aumentar. Ideli afirma que o Corpo de Bombeiros interditou todas as casas no dia do acidente, mas horas depois a Defesa Civil liberou aquelas que não haviam desabado.

Drogados e bandidos

Ideli diz que a explosão trouxe ainda outros problemas. “Com o abandono do terreno, assaltos, drogados e bandidos ameaçam as casas que faziam divisa com o muro da academia”, conta a psicóloga.

Camila Pardim morava atrás da academia e seu pai, Marcos Aparecido Pardim, faleceu na explosão. “Tive de pedir demissão no trabalho e quase larguei a faculdade. Nos deram abrigo, mas não queriam pagar os móveis, tive que morar com parentes”, exclama. “O pior é oferecerem alguns mil reais para abafar o caso”, ressalta.

O advogado Eduardo Veríssimo Inocente está no caso de Camila Regiane Pardim, Auzira da Silva Serafin, Nelson Apolonio e Ideli Amaral, todos vizinhos da academia. “Tentamos acordo com os representantes da academia, mas a proposta que fizeram foi inviável. Queriam que a Camila aceitasse R$ 4,7 mil, para uma garota que perdeu o pai. Uma proposta fora da realidade. Certeza que agiram de má fé.”, afirma.

Roberto Leonessa, advogado do centro esportivo, diz que a academia já arcou com boa parte das despesas dos moradores. “Ressarcimos cerca de 90% dos gastos com danos materiais e morais”, afirma. Sobre o abandono no terreno, Leonessa alega que, como a obra está embargada, não é possível retirar os escombros. “O dono de uma das casas alegou que se tirássemos o material a sua casa poderia desabar, então a obra foi parada e estamos no aguardo de laudo final da perícia”, explica. 

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