PT deverá perder espaço nas Câmaras das cidades do ABC

Em São Bernardo, ideia de um presidente que não seja do PT ganha força. Foto: Banco de dados

A derrota de Dilma Rousseff em cinco das sete cidades na região na corrida presidencial e a inexpressiva votação de Alexandre Padilha para o governo deverão ter reflexo na disputa que se aproxima para a sucessão da presidência nas Câmaras. Atualmente, o PT comanda três municípios – Santo André, São Bernardo e Mauá -, mas apenas os dois últimos têm como presidente um petista. Em Diadema, o petista Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, comanda a Casa, mas a cidade é administrada por Lauro Michels (PV).

Mesmo nas Casas que ostentam o principal cargo hierárquico, as articulações visam desbancar os correligionários de Dilma. Em São Bernardo, o sucessor do petista Tião Mateus deverá ser um integrante da base aliada. Hoje, o prefeito Luiz Marinho tem apoio de 20 dos 28 vereadores. Mas dificilmente conseguirá emplacar um nome petista no consenso de sua trincheira.

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O PT responde por oito desses 20, ou seja, os aliados têm a carta na manga para impor o desejo de suceder Tião. O nome mais cotado é o do vereador Ramon Ramos (PDT). “Nós tínhamos feito um acordo na eleição passada. O PT ficaria no primeiro biênio na presidência e depois um aliado seria eleito”, relembra Ramos.

A oposição, com minoria na Casa, joga na tentativa de se beneficiar de um “erro” do adversário. Com oito votos no plenário, a bancada contrária lançará um candidato – do PPS – e tentará recrutar os possíveis rebeldes que não gostarem do indicado do grupo governista. “O momento é outro, mas não se pode esquecer que lá atrás o Minami foi eleito em um cenário dessa forma”, lembra um oposicionista, ao citar que, em 2010, o tucano Minami foi eleito em detrimento a Tião Mateus pelo racha na base, orquestrado pelo vereador Otávio Manente.

Santo André também mira indicação de aliado

A base aliada do prefeito Carlos Grana também ostenta maioria na Casa. Porém, entre os aliados, existe dificuldade na indicação de um nome do PT. Fora das fileiras petistas, o mandatário conta com o PMDB, dos experientes Sargento Juliano e José de Araújo, ambos que já comandaram a Casa, e do Pros, que teria interesse no cargo por meio da indicação de Elian Santana ou Marcos Pinchiari.

“Isso será definido, como sempre, na última hora”, disse um petista, ao lembrar que as discussões tomarão corpo a partir de agora com a entrada do secretário de Governo, Arlindo Lima, na articulação do Paço com o Legislativo.

A oposição, porém, também se movimenta. O G-12, que derrubou a indicação do preferido de Grana em 2013 – o vereador petista José Montoro Filho, o Montorinho -, ressurgiu.

Porém apesar das conversas e da coesão mostrada até então, o grupo disse que só vai falar de nomes na reta final. Os mais credenciados são Luiz Zacarias (PTB), Ailton Lima (SD) e Almir Cicote (PSB). “Nós teremos sim candidato. É óbvio que o PTB quer a indicação, mas queremos mais do que isso. Queremos a presidência da Casa, mas, neste sentido, se tiver alguém do grupo com mais chance, podemos discutir”, disse Luiz Zacarias.

Ribeirão e Rio Grande
Em Ribeirão Pires o prefeito Saulo Benevides tem ampla maioria e não terá problema para emplacar um presidente aliado. Já em Rio Grande da Serra o prefeito Gabriel Maranhão apoia o nome do tucano Waldemar Perillo.


Zacarias: PTB terá nome

São Caetano projeta disputa acirrada

Com o histórico de o Executivo sempre prevalecer na decisão do nome a comandar a Câmara, o prefeito Paulo Pinheiro, de São Caetano, articula com larga vantagem para fazer o sucessor do vereador Sidão da Padaria (PSB). Dos 19 parlamentares, 14 são da base aliada.

Porém, o racha na cidade começa dentro do próprio governo. Uma ala do Palácio da Cerâmica defende a indicação do vereador Paulo Bottura (Pros). Outro grupamento tem simpatia pelo nome de Chico Bento (PP). “Hoje o nome que sai com vantagem nas conversas é o do Chico, mas nem sempre quem larga na frente é eleito”, lembra um governista.

A oposição já disse que lançará um nome e deve apostar também na fissura governista para tentar obter o comando do plenário. “Posso até votar num governista, mas não voto em quem for articulado ou indicado pelo prefeito”, garante o oposicionista Fábio Palácio (PR). Ele conta, na oposição, com Marcel Munhoz (PPS), Cidão do Sindicato (SD) e os considerados independentes Parra (PHS) e Beto Vidoski (PSDB).

A tensão na disputa é ainda maior, pois recairá sobre o colo do próximo presidente a condução da votação das contas do ex-prefeito José Auricchio Júnior (PTB), referente a 2012. A depender da velocidade da tramitação e do resultado da apreciação em plenário, o petebista, hoje secretário estadual de Esportes, poderá ficar inelegível por oito anos.


Palácio: não a governistas

Vitória de Dilma em Diadema não muda cenário

Mesmo com a vitória de Dilma Rousseff nas urnas, o PT dificilmente seguirá com o comando na Câmara em Diadema. Isso porque o prefeito Lauro Michels sabe da importância de ter aliado no principal posto, principalmente no período que antecederá a eleição de 2016.

Pela proximidade que Michels estabeleceu com os tucanos na campanha de outubro, ao que tudo indica, o vereador José Dourado é ventilado no bastidor. “Para o Lauro será questão de honra fazer o sucessor na Câmara”, comentou um político ligado ao gabinete do prefeito.

O prefeito, que buscará a reeleição, já se aproximou do PRB e os vereadores João Gomes e Ricardo Yoshio e está pessoalmente articulando a reaproximação. Yoshio, o mais reticente a administração de Michels, já sinalizou pela aproximação. Ao PT resta torcer que a aproximação do Verde com o PRB fracasse, pois só assim o partido terá alguma chance de emplacar o presidente do Legislativo no período pré-eleição municipal.


Yoshio é fiel da balança

Família Jacomussi quer “barba e bigode” em Mauá

Depois de conseguir uma cadeira como deputado estadual na eleição de outubro, o que parecia difícil para muitos, Átila Jacomussi (PCdoB) sabe que virou uma das referências majoritárias para a sucessão de Donisete Braga (PT) em 2016.

Por isso, busca fortalecer o seu grupo político para tentar interromper a trajetória petista na cidade. Um dos caminhos para atingir o objetivo é ter um aliado na presidência da Casa, na sucessão de Paulo Suares. E nada melhor do que o próprio pai, o vereador Admir Jacomussi dando as cartas no Legislativo. “Essa é a intenção do Átila”, confirma um vereador em troca do anonimato.

Para tanto, os comunistas já dialogam com vereadores da oposição. Soma-se a isso o atual estágio da administração do prefeito Donisete Braga, que não vem sendo bem avaliada.

O PT sabe que precisa manter as rédeas na Câmara, nem que para isso tenha de indicar um aliado. Contudo, o petista Marcelo Oliveira foi indicado, já que pelas contas do partido soma 12 votos. A discussão interna prossegue, principalmente, de olho nos movimentos da oposição. Como num jogo de xadrez, cada movimento de peça gera uma resposta.


Admir é aposta de Átila

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