Professores contestam pesquisa do Estado sobre nível de alfabetização

Pesquisa diz que 70% dos alunos participam de rodas de leitura nas unidades de ensino. Foto: Évora Meira

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo divulgou os dados de uma pesquisa feita com alunos matriculados nos primeiros anos do ensino fundamental em fase de alfabetização. Na rede estadual paulista, 95% das crianças com até 7 anos já sabem ler e escrever. O resultado mostrou que os paulistas são afabetizados um ano mais cedo que o restante do País, que alfabetiza aos 8 anos. Mas segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), os alunos são analfabetos funcionais.

Tarcisio Ramos, membro da coordenação da subsede Santo André da Apeoesp, acredita que a base para analisar a alfabetização é feita por baixo. “Se considera alfabetizado quem sabe escrever o nome. Isso é muito pouco. Nivela por baixo”, ressalta o professor.

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Ramos afirma que muitos alunos chegam ao ensino médio como analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler e escrever mas não conseguem compreender os textos e a análise fica comprometida. O diretor acredita que o principal problema do ensino é a progressão continuada. “Os alunos simplesmente vão passando e não aprendem”, aponta. Segundo Ramos, aproximadamente 50% dos alunos de Santo André são analfabetos funcionais.

Segundo a pesquisa, ainda que a leitura já é um hábito recorrente para os alunos do 2º ano. De acordo com o levantamento feito a partir do questionário do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento do Estado de São Paulo), quase 70% deles participam de rodas de leitura nas unidades de ensino. Outros 65% afirmam que frequentam a biblioteca e ali fazem alguma atividade. Para garantir o acesso, a Secretaria renova anualmente o acervo do projeto Livros na Sala de Aula. Só neste ano, foram entregues novos 4,6 milhões de títulos.

A pesquisa revelou ainda que metade dos estudantes do 2º ano escrevem para o livro de histórias (ou poesia) ou jornal (ou revista) da classe. A participação aumenta a cada fase escolar. No 5º ano, a adesão é de 73% dos alunos. As atividades culturais também foram avaliadas e são importantes para ampliar a repertório intelectual dos pequenos. “O principal objetivo é garantir que os estudantes tornem-se capazes de integrar a comunidade de leitores”, afirma o secretário da Educação, Herman Voorwald.

Regina Braga Garcia, diretora da EE Professor Antonio de Campos Gonçalves, em Santo André, acredita que o processo de leitura vem sendo mais desenvolvido nas escolas, e consequentemente, as crianças despertam mais interesse. “Temos que formar cidadãos leitores. A orientação do currículo é baseada na prática de leitura desde o começo”, explica.
Sueli Fiorotto de Souza, avó de Giovanna, diz que a neta leva todos os fins de semana dois ou três livros para casa. “Ela está no terceiro ano e já tem um interesse enorme pela leitura”, conta.

Elisabete Foltran Almeida, avó de Guilherme, também diz que o neto, apesar de ainda estar no primeiro ano, leva livros para casa. “Ele lê tudo o que vê, placas, qualquer coisa. Percebemos que o incentivo da escola vem estimulando a vontade de ler e aprender das crianças”, afirma.

Tempo integral começa em 2015 para anos iniciais

A partir de 2015, os alunos e professores do ciclo de alfabetização da Secretaria da Educação serão contemplados com novo modelo de escola de tempo integral. No ano que vem, 17 escolas estaduais atenderão a cerca de 5 mil estudantes com uma jornada estendida de até 8 horas e meia.

O atendimento em tempo integral entre o 1º e 5º anos tem como principal meta o aprendizado focado no estímulo e controle emocional. Além das aulas que fazem parte da base nacional comum, serão introduzidas disciplinas como linguagens artísticas, práticas laboratoriais, cultura do movimento e inglês.

A diretora Regina Garcia acredita que o ensino integral é muito produtivo. “Principalmente para os pais, que trabalham e não têm onde deixar as crianças”, diz. Para ela, a ideia é trabalhar de maneira descontraída as atividades realizadas. “Buscamos desenvolver a parte lúdica em sala. Não ficar o tempo todo em sala de aula. O aluno dentro da escola vai aprender, de qualquer maneira. A escola é um ambiente facilitador de aprendizagem”, explica.

Concurso

A Secretaria da Educação vai contratar mais 5.734 professores que atuarão nos anos iniciais do Ensino Fundamental, que têm como foco principal a alfabetização dos estudantes. As provas do certame acontecerão no dia 30 de novembro, com 77.828 candidatos às vagas.

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