Eleição muda rotina dos prefeitos na região

Marinho, Dilma e Lula, durante campanha na rua Marechal Deodoro, em São Bernardo. Foto: Évora Meira

Embora não seja uma eleição municipal, o pleito deste ano mudou e segue com interferência na rotina dos sete prefeitos da região. Oficialmente, nenhum deles se afastou do cargo no primeiro turno para se dedicar a campanha, mas todos reduziram sensivelmente suas agendas de governo para focarem os compromissos eleitorais, mesmo em horário de expediente.

Alexandre Padilha, candidato a governador petista derrotado, esteve quase 20 vezes no ABC. Em todas elas, teve a companhia de pelo menos um dos três prefeitos petistas: Luiz Marinho (São Bernardo), Carlos Grana (Santo André) e Donisete Braga (Mauá). A maior parte das agendas ocorria ou no almoço ou no início da noite, mas as preparações demandavam um empenho antes e depois do horário previsto o que sobrecarregava a agenda dos gestores que tinham de se desdobrar das agendas de governo ou, simplesmente, abrir mão delas.

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Marinho, que além de tudo é o coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff em São Paulo, viveu o maior impasse. Por liderar a agenda petista em São Paulo, Marinho acompanha os passos de Dilma não só no ABC, mas em outras cidades da região metropolitana e do interior paulista, o que diminuía sua estadia no Paço.

Na única presença de Dilma durante a campanha no ABC, no primeiro turno, ao lado de Lula, Marinho ficou fora do Paço das 11h30 às 16h em pleno dia últil. Naquela ocasião, mais uma vez, foi levantada a temática de o prefeito se licenciar do cargo. “Eu consultei o jurídico antes mesmo da campanha e, em São Bernardo, a lei orgânica não permite afastamento para essa finalidade. O afastamento só é permitido em caso de problema de saúde”, justificou o petista.

Neste segundo turno, Marinho segue acompanhando Dilma em suas agendas em São Paulo até porque o estado é o foco do PT nesta reta final tendo em vista a ampla vantagem que Aécio registrou sobre a presidente no primeiro turno.

Carlos Grana e secretários pedem afastamento

Desde a última segunda, conforme antecipado pelo RD, o prefeito de Santo André Carlos Grana, e alguns secretários municipais petistas como Cícero Martinha (Trabalho), João Avamileno (direitos Humanos) e Tiago Nogueira (Relações Institucionais) pediram afastamento do Paço para se dedicaram exclusivamente ao calendário da campanha da presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição.

O afastamento ocorrerá até o final do mês. A votação do segundo turno acontece no dia 26 de outubro, porém, dia 28, quarta, é dia do servidor público que, em Santo André, será antecipado para segunda, dia 27. Portanto, eles retornarão ao Executivo no dia 28.

“Quem não estiver com o compromisso de reeleger a Dilma estará fora do meu governo”, afirmou Grana, ao comentar seu pedido de afastamento.

A estratégia petista visa reforçar o debate nas ruas na comparação entre os governos. “Precisamos dos nossos melhores quadros nas ruas. Melhor no sentido de experiência e vivência partidária para dar o tom do que nós fizemos nos governos Lula e Dilma e o que eles fizeram nos oito anos de governo FHC”, explicou Luiz Turco, deputado estadual eleito e presidente do PT na cidade.

Na ausência de Grana, a vice-prefeita, Oswana Famelli, assume o posto.

Outros gestores têm atuação mais tímida

Os prefeitos não petistas – Paulo Pinheiro (São Caetano), Lauro Michels (Diadema), Saulo Benevides (Ribeirão Pires) e Gabriel Maranhão (Rio Grande da Serra) também têm se empenhado no debate eleitoral, mas de uma forma mais tímida.

O quarteto participa das campanhas de Dilma (Paulo Pinheiro, Saulo Benevides e Gabriel Maranhão) e de Aécio (Lauro Michels), mas com menos intensidade e numa agenda mais reduzida e focada ao horário fora de expediente.

Mesmo assim, ao longo da campanha, os quatro foram vistos em agenda de campanha também no horário de expediente. Nenhum deles pretende se licenciar neste segundo turno. Até porque, tirando Maranhão, todos enfrentam problemas com seus respectivos vices.

Salles foi o primeiro a sair

A eleição mudou também as peças no primeiro escalão da gestão Carlos Grana. Secretário de Cultura, Raimundo Salles pediu exoneração da pasta. Além de se anunciar como candidato a prefeito em 2016, o pedetista disse que não poderia seguir no Paço pois seus apoios políticos destoam do PT.

“Não tem como eu apoiar a Dilma, assim como não apoiei o Padilha. Meu candidato foi o governador Geraldo Alckmin e neste segundo turno seguirei apoiando e votando no Aécio Neves”, disse.

“Avaliei que não tinha mais o que fazer na Secretaria. Não sou fantoche do PT”, desabafa Salles. “Minaram minhas ações na Secretaria, tirando a gestão do Carnaval, do Festival de Paranapiacaba e do Teatro Conchita de Moraes, da reforma do Cine Teatro Carlos Gomes, além retirarem a obra do artista Luiz Sacilotto, do Centro, sem a minha consulta”, diz Salles ao listar exemplos de interferências de petistas na gestão da Secretaria de Cultura.

Segundo fontes ligadas ao Paço, a depender do resultado das eleições do próximo dia 26, Grana poderá fazer outras mudanças no primeiro escalão.

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