Consumo consciente avança no ABC

Por meio de notas, que vão do zero (nunca fez) ao 10 (sempre faz), os 1.250 entrevistados responderam questões relacionadas ao tema, como se evitam deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados.

A preservação do meio ambiente sempre foi levada a sério para a dona de casa andreense, Maria Teresa Wojciechowski Marcondes, que ao longo dos anos passou a economizar energia elétrica e reduzir o tempo de banho, principalmente agora em meio à crise de abastecimento de água em São Paulo. Essa preocupação é verificada na maioria das sete cidades do ABC, conforme pesquisa do Inpes – Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano (USCS) sobre consumo consciente.

Por meio de notas, que vão do zero (nunca fez) ao 10 (sempre faz), os 1.250 entrevistados responderam questões relacionadas ao tema, como se evitam deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados. Nesse caso, o valor médio das notas foi semelhante em todos os municípios, acima de 8, com destaque para Santo André e São Caetano (9.09).

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Em relação ao fechamento da torneira enquanto se escova os dentes e desligamento de aparelhos eletrônicos quando não estão sendo usados, a média das notas também ultrapassou 8 em seis cidades da região, exceto Rio Grande da Serra (7.33). Sobre guardar alimentos quentes na geladeira, que faz com que o compressor trabalhe mais e gaste mais energia, as únicas notas médias abaixo de 8 ficaram com Rio Grande da Serra (7.08) e Ribeirão Pires (7.63).

Por classificação econômica, os hábitos de desligar lâmpadas e aparelhos eletrônicos em desuso, e fechar torneiras na hora da escovação dos dentes são comuns nas classes D e E, cujo valor médio das notas foi acima de 9. “Está relacionado à questão financeira. As despesas pesam no bolso. Além disso, são atividades que não exigem esforços”, explica Leandro Prearo, gestor do Inpes/USCS.

O levantamento aponta também que a maior parte das pessoas que têm o tipo de comportamento passa maior parte de tempo em casa, pois não estão inseridas no mercado de trabalho. Do ponto de vista de escolaridade, a maioria dos consumidores que se preocupa em apagar lâmpada, desligar aparelhos, como TV, e economizar água é analfabeta ou possui primário incompleto (notas acima de 9), seguida por pessoas que possuem primário completo ou ginasial incompleto (notas de 8.63 a 9.21).

Quanto ao planejamento de compras de alimentos, o valor médio das notas dadas pelos entrevistados, tanto por homens quanto mulheres, foi acima de 7 em todos os municípios, com destaque para classe D e E (8.46), que também se preocupa com planejamento de compra de roupas (6.29), valor semelhante ao da C (6.22) e superior as demais classes sociais.

Já os hábitos de pedir nota fiscal no ato da compra e reaproveitar o verso das folhas de papel já utilizadas são mais frequentes por parte das classes A e B, cujas notas dadas pelos entrevistados foram acima de 7. “Frequentam estabelecimentos, onde podem exercer seus direitos, como cobrar nota fiscal. Já pessoas das classes D e E compram em locais do próprio bairro, que aceitam anotar compras e não emitem notas”, diz o gestor do Inpes.

Três cidades lideram na compra de produtos orgânicos

No que se refere à compra de produtos orgânicos (cultivados sem adubos químicos e agrotóxicos) nos últimos 6 meses, a nota média dos homens foi 3.23 e das mulheres 2.92. “A diferença é que as mulheres já estão acostumadas a usar determinadas marcas e quando vão ao supermercado, já sabem o que comprar. Os homens são atraídos pelas novidades, produtos orgânicos e não marcas”, destaca. Prearo acrescenta que esses tipos de produtos são mais consumidos pela classe A (nota 4.81), pois são caros e encontrados em poucos locais específicos. Na comparação por municípios, a pesquisa mostrou que os consumidores que mais adquiriram produtos orgânicos nos últimos seis meses, foram os de São Bernardo (4.04), São Caetano (4.01) e Santo André (3.96).

No caso de apoio às entidades de proteção do meio ambiente, por meio de compras de produtos ou doações em dinheiro ou materiais, é um comportamento observado também na classe A (3.52), diferente da E (1.65). Em relação à prestação de queixas em órgãos de defesa do consumidor, as notas dos entrevistados foram baixas; menos de 1 em Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, e menos de 2 em Santo André, São Bernardo e São Caetano.

Meio ambiente não é prioridade em cidades históricas

O que chama atenção na pesquisa é que os entrevistados de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, municípios históricos com vocação para turismo ecológico, deram notas baixas para a maioria das questões. No caso de separação do lixo para reciclagem, os valores médios foram 3.97 (Rio Grande da Serra) e 5.11 (Ribeirão Pires). “É um fato negativo, pois são cidades com grande predominância de áreas verdes, e as pessoas deveriam estar mais conscientes em relação à preservação do meio ambiente”, diz Prearo.

O desligamento de aparelhos eletrônicos em desuso teve nota média de 7.33 em Rio Grande da Serra, enquanto nas demais seis cidades ultrapassou 8. Já a compra de produtos orgânicos nos últimos 6 meses obteve nota média de 1.71 em Rio Grande da Serra e de 2.31 em Ribeirão Pires.

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