Observatório Econômico vê sinais de recessão no ABC

Quase todos os itens que compõem a balança comercial do ABC tiveram queda entre janeiro e junho.

Dados divulgados pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista nesta quinta-feira (28) mostram que a oferta de crédito teve queda no ABC, o que explica parte do desaquecimento da economia da região.

Este é apenas um dos fatores que, segundo o Observatório, “revelam fortes indícios de que o ABC apresentará uma recessão no ano de 2014”.

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O volume médio de crédito no primeiro quadrimestre de 2014 foi de R$ 20,3 bilhões, o que representa uma queda de 1,2% em relação aos R$ 20,6 bilhões registrados no último quadrimestre de 2013.

Além disso, nos primeiros quatro meses do ano houve retração de 0,91% no volume médio de operações de crédito mensal, em comparação ao mesmo período do ano passado. O número negativo vinha se desenhando há três anos, já que desde 2011 a taxa de expansão do crédito no ABC começou a cair.

A redução no número de financiamentos é um dos motivos para o desempenho ruim da indústria automobilística, o que atinge em cheio a economia regional. O cenário atual – em que montadoras estão suspendendo contratos e possuem estoques altos –, é reflexo da dificuldade de se obter crédito, que está mais caro e menos acessível.

“Se em 2010 a cada 10 pedidos de financiamento de carros os bancos aprovavam sete ou oito pedidos, hoje a cada 10 estão aprovando três ou quatro, porque a inadimplência no financiamento de veículos aumentou. Isso explica porque o mercado para carros novos está desaquecido”, comenta o coordenador de Estudos do ObservatórioEconômico da Metodista, Sandro Maskio, responsável pelo estudo.

A atual falta de crédito tem a ver com uma sequência de fatos que teve início na crise de 2008. Para amenizar os efeitos negativos na economia brasileira, o governo induziu o consumo por meio de incentivo ao crédito e isenção de impostos.

O problema é que desde então a inadimplência cresceu, levando os bancos a dificultarem a liberação de financiamento e prejudicando a venda de carros e imóveis. Além disso, por estarem muito endividadas, as famílias têm menos disposição em contrair mais dívidas.

Importações superam exportações

Assim como ocorreu no ano passado, o primeiro semestre de 2014 registrou déficit na balança comercial (diferença entre exportações e importações) no ABC. A região atualmente importa mais do que exporta.

O déficit na balança da região chegou a US$ 401 milhões no primeiro semestre deste ano, puxado pela indústria automobilística. As exportações caíram 18,3% no período e as importações diminuíram 14,2%. Somam-se a isso as medidas protecionistas da Argentina (principal comprador de veículos do Brasil) e o câmbio, que não tem favorecido as exportações.

Quase todos os itens que compõem a balança comercial do ABC tiveram queda entre janeiro e junho: caíram as vendas para o Exterior os insumos industriais (-14,3%), bens duráveis (-49,1%), alimentos e bebidas (-33%), carros (-12,7%), entre outros.

Menos emprego

O levantamento feito pela Metodista utiliza dados do Caged (Cadastro Geral de Empregos) para fazer um balanço da situação do trabalho no ABC. Houve diminuição de 4.300 vagas de emprego no primeiro semestre na região. As reduções estão concentradas na indústria de transformação e comércio, que perderam, respectivamente, 7.671 e 1.533 empregos formais. O número de empregos cortados na indústria já supera o que foi observado em todo o ano de 2012.

Somente os segmentos de fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários e o de caminhões e ônibus foram responsáveis pela redução direta de mais de 3,2 mil empregos formais nos seis primeiros meses do ano na região.

“Se pegarmos todos os dados, temos um mercado de trabalho com um número menor de pessoas empregadas, massa de renda menor na região, volume de operação de crédito menor. São todos indicadores que explicam o porquê se ter uma atividade comercial com tendência de estagnação”, explica Maskio. 

Confira aqui o relatório completo

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