Sabesp desperdiça 46% da água em São Bernardo

Os números mais alarmantes são de São Bernardo: 46,4% da água que deveria chegar às casas dos moradores se perde no meio do caminho.

O Instituto Trata Brasil divulgou o ranking de saneamento 2014, que revela os indicadores de tratamento de esgoto e distribuição de água nos 100 maiores municípios do país. Quatro cidades do ABC são citadas no levantamento: Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá.

A pesquisa tem como base dados de 2012 e revela que houve poucos avanços nos indicadores regionais. O desperdício continua alto e o tratamento de esgoto está muito aquém do ideal.

Newsletter RD

Os números mais alarmantes são de São Bernardo: 46,4% da água que deveria chegar às casas dos moradores se perde no meio do caminho, devido a vazamentos ou outros problemas na rede, como ligações irregulares. O cenário é quase idêntico ao de 2011, quando o indicador chegava a 48,65%.

Em um contexto de crise hídrica, os dados ganham contorno ainda preocupantes.

Em Diadema, o índice de perdas subiu no período de um ano, passando de 39,11% para 43,05% de 2011 para 2012. Em Mauá, o desperdício de água chega a 30,15% (contra 33,14% em 2011) e em Santo André alcança 24,31% (em 2011 tinha sido de 27,31%).

Tratamento pífio

Entre as quatro cidades da região citadas no levantamento, Santo André é a que tem o melhor índice de tratamento de esgoto: 32,82%. Ainda assim um número baixo, considerando que 67,18% dos resíduos produzidos na cidade vão parar nos rios.

A cidade com pior situação é Mauá, onde apenas 6,27% do esgoto produzido passa por tratamento. Os índices em São Bernardo e Diadema são de 17,32% e 11,14%, respectivamente.

“O ABC tem evoluído pouco no tratamento de esgoto. Isso é muito problemático porque provoca doenças, polui os rios. É preciso melhorar muito os investimentos”, alerta o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos.

O especialista avalia que a perda de água deveria ser de, no máximo, 20%. “Os fatores para perdas tão grandes são vários: vazamentos, redes antigas, obras malfeitas, furto de água. São Bernardo, por exemplo, tem muita área irregular e muita água roubada”, constata o presidente do Trata Brasil.

Outro lado

O RD procurou as empresas responsáveis pela distribuição de água e tratamento de esgoto nas cidades citadas no ranking do Trata Brasil.

Santo André

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) lembrou que o município subiu dois pontos no ranking (de 26º para 24º) e afirmou que empecilhos vai melhorar o tratamento de esgoto.

“Dentro do quadro nacional, Santo André sempre foi uma boa referência, mas poderíamos já estar universalizados na questão do abastecimento. Infelizmente, dependemos de leis autorizativas em caso de núcleos subnormais e áreas de mananciais”, diz o Semasa em nota. “Para o tratamento de esgoto, também dependemos de ações da própria Sabesp, que é responsável pelo tratamento e por parte dos coletores troncos. Na questão do tratamento de esgoto, que hoje é feito em 40% dos dejetos gerados na cidade, podemos em mais cinco anos chegar a 90% graças a uma série de obras e ações que estão em andamento”.

A empresa diz que no ano passado “retomou as obras de saneamento, que permitiram chegar a 98% de esgoto coletado e vão levar para tratamento 45% do esgoto gerado até o final de 2014”. O Semasa diz que a meta é chegar a 54% de tratamento de esgoto em 2015, 69% em 2016, 78% em 2017 e 90% em 2020 e 96% em 2025.

Sobre a perda de água, o Semasa respondeu: “Os dados do Trata Brasil sobre perda de água (24%) são de 2012. Hoje este índice é de 27%. A questão de perda de água é muito dinâmica e depende de investimentos. Como entre 2009 a 2012 não foram feitos grandes investimentos em troca de hidrômetros, troca de redes e combate ao desperdício, esse índice aumentou. Para o próximo ano já veremos a melhoria, exatamente porque têm sido feitos os investimentos necessários”.

São Bernardo e Diadema

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), responsável pelo saneamento em São Bernardo e Diadema informou:

“Em relação às obras para melhorar o esgotamento sanitário de São Bernardo do Campo, foram executadas, por exemplo, na área da Bacia do Ribeirão dos Meninos as interligações aos Coletores e Interceptores para transporte até o tratamento na Estação de Tratamento de Esgotos ABC”, além de “projetos executivos para implantação de coletores tronco e redes coletoras de esgoto e as obras de prolongamento de redes e ligações de esgoto”. Foram R$ 114 milhões investidos entre 2011 e 2012.

A empresa diz que vai investir em melhorias nos “serviços e obras com foco na redução de perdas e aumento da eficiência operacional nos setores Batistini, Derivação Alvarenga, Nova Petrópolis e São Pedro; entre outras ações e projetos”.

Sobre Diadema, a Sabesp disse que “devido a recente assunção do município (31/03/2014), não é possível comentar sobre a posição ocupada pela cidade no ranking em 2012, bem como os investimentos realizados. Porém a Companhia já anunciou seu plano de investimentos futuros para a região”.

Mauá 

Procurada pelo RD, a Sama (Saneamento Básico de Mauá) não se pronunciou. A empresa é responsável pela distribuição de água no município. 

A coleta e tratamento de esgoto é feita pela Odebrecht Ambiental, que está construindo uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), prevista pra começar a funcionar em janeiro de 2015.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes