Em julho, sinais da economia ainda não são claros

Quatro indicadores antecedentes do ritmo da economia, três deles citados pela presidente Dilma Rousseff na segunda-feira, 18, em entrevista ao Jornal Nacional, tiveram, uma melhora no desempenho de junho para julho, depois do tombo registrado de maio para junho. Indicadores antecedentes são dados setoriais que antecipam as principais tendências da economia.

Apesar da reação favorável na comparação que tira o efeito sazonal, típico destes meses, a virada dos resultados não pode ser encarada como mudança de tendência, conforme ressaltado por Dilma na entrevista.

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De junho para julho, as vendas de papelão ondulado usadas como embalagens pela indústria cresceram 5,4%, depois de terem caído 3,3% em maio e fechado o primeiro semestre com retração de 0,23%, segundo cálculos dessazonalizados da consultoria Tendências.

No caso de veículos, o tombo foi ligeiramente menor. A produção tinha caído 17,1% de maio para junho e recuou 16,8% no último mês. Mas fechou o semestre com alta de 10,3%.

O consumo industrial de energia elétrica e o fluxo de veículos pesados nas rodovias aumentaram 1% e 3,2% respectivamente de junho para julho. De maio para junho, o consumo de energia tinha caído 1,4% e o fluxo de caminhões caiu 4,4%. O primeiro semestre fechou com queda de 1,6% no fluxo de caminhões e alta de 5,3% no consumo de energia em relação ao mesmo período de 2013.

“Os dados preliminares dos indicadores antecedentes melhoraram, mas ainda é cedo para falar em reversão de tendência da atividade”, diz o economista da consultoria, Rafael Bacciotti.

De toda forma, com base nesses indicadores antecedentes, Bacciotti projeta crescimento de 0,6% na produção industrial de junho para julho, ante queda de 1,4% de maio para junho. No ano, no entanto, a perspectiva é que a indústria recue 2%.

Base

Um dos fatores apontados por Bacciotti para sustentar essa avaliação cautelosa é a base baixa de comparação, que foi o mês de junho. Por causa da Copa do Mundo, houve muitos feriados, o que fez a produção da indústria despencar. Por isso, ficou mais fácil crescer no mês seguinte. Além disso, ele diz que a confiança dos empresários e dos consumidores está num nível muito baixo, o que pesa negativamente na recuperação da atividade.

Foi exatamente isso que constatou um estudo feito pela Fundação Getulio Vargas, a pedido da Associação Brasileira de Embalagem, para radiografar o setor, que engloba não só embalagem de papelão, mas de plástico, metal, vidro e madeira.

De janeiro a junho, a produção física de embalagens caiu 0,73% em relação ao primeiro semestre de 2013 e, na melhor das hipóteses, poderá fechar 2014 no empate. “É mais provável que o número seja negativo”, afirma Salomão Quadros, da FGV, que coordenou o estudo. Ele calcula que a retração no ano pode chegar a 0,7%, depois da alta de 1,2% em 2013. Em janeiro, o cenário era de crescimento de 1,5% para 2014.

Um sinal de alerta que reforça o enfraquecimento do setor, que é termômetro da atividade econômica, é a perda de fôlego do emprego, que cresceu só 0,31% no primeiro semestre na comparação anual, após registrar altas na casa de 2% em 2013, frisa Quadros.

Inflação

Além dos indicadores antecedentes, Dilma citou o arrefecimento da inflação como sinal favorável da economia. Em julho, a inflação oficial ficou em 0,01%.

Adriana Molinari, da Tendências, que projeta um IPCA de 0,27% para este mês e uma média mensal de 0,40% até o fim do ano, diz que a inflação arrefeceu em julho por causa da retirada dos efeitos da Copa e do enfraquecimento da atividade. Apesar disso, a inflação está alta e em 12 meses beira o teto da meta de 6,5%.

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