Ex-ativista diz à polícia como eram pautadas depredações

Ex-integrante da comissão de organização dos protestos violentos, o técnico químico Felipe Braz Araújo, de 30 anos, detalhou em depoimento à Polícia Civil do Rio quem são os líderes do movimento e como funcionava a estratégia de depredações.

As reuniões do grupo, segundo ele, ocorriam, geralmente, em prédios públicos ou no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no centro da capital. Outro ponto de encontro era a sede da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na zona norte.

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O objetivo da comissão, de acordo com o depoimento dado à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) no último dia 3, era definir os temas que seriam explorados nos protestos, como a morte do pedreiro Amarildo de Souza, a desocupação do acampamento Aldeia Maracanã e a desativação do Hospital dos Servidores, na zona portuária.

A partir da escolha das prioridades, marcava-se um protesto de rua e planejava-se o que o depoente chamou de “atos criminosos”. “Nestas reuniões eram planejados trajetos e atos criminosos, como incendiar ônibus, destruição do patrimônio público e privado, furto a caixas eletrônicos de agências bancárias”, disse Araújo aos investigadores.

O rapaz contou ter deixado o grupo por discordar das ações violentas, que estavam gerando repúdio veemente por parte da sociedade. “O declarante decidiu abandonar a comissão da FIP (Frente Independente Popular, formada a partir do pioneiro Fórum de Lutas, responsável pelas primeiras manifestações) porque só existia o quebra-quebra e não havia qualquer resultado”, diz o texto, enviado à Justiça, em que a DRCI transcreve o teor do depoimento da testemunha.

Para Araújo, a priorização do confronto com a Polícia Militar (PM) nos protestos relegou “a ideia principal de mudar o País” a um segundo plano. O ideal, disse ele, foi esquecido. Transformar o Brasil em um País melhor passou “a ser razão secundária nas manifestações”.

O técnico químico contou à polícia que integrava a comissão com mais 12 ativistas, entre eles o casal Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, e Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over. A manifestante Isabela Mendonça, sua namorada na época, o acompanhou na decisão de romper com a FIP.

O relacionamento conflituoso entre Araújo e Isabela passou a ser criticado nas redes sociais pelas lideranças dos protestos a partir da ruptura com a comissão. Ele contou à polícia que chegou a ser cercado durante uma manifestação em dezembro do ano passado e duramente ofendido. Feministas ligadas à FIP o acusaram de machismo e realizaram, dentro do protesto, o ato batizado de “Escracho Felipe”

O texto da DRCI informa que Araújo “resolveu contar tudo o que sabia, pois, quando saiu da comissão da FIP, foi feita uma campanha difamatória pelos integrantes da FIP contra o declarante no Facebook. Depois tentaram agredir o declarante na manifestação em dezembro de 2013 e picharam o prédio onde o declarante trabalha com a inscrição Felipe Braz, agressor machista.”

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