Diadema celebra 15 anos da Cultura Hip Hop

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A Casa do Hip Hop de Diadema completa 15 anos de fundação em julho. Para celebrar a data, neste final de semana (dias 26 e 27), o espaço cultural fará dois dias de eventos com participação de artistas e convidados de outras casas de São Paulo e de estados brasileiros.

Além das apresentações musicais como as dos rappers “Rincon Sapiência”, “Ação Verbal” e “Onga Rupestre & Carta de Alforria”; performances dos MC’s “Raphão Alaafin”, “Sara Donato” e “Betin”, entre outros, serão realizadas batalhas de B.Boys, DJs e MC’s. Quem vencer o certame de B.Boys estará classificado para a etapa estadual do Reality Show de B.Boys que acontecerá em São Paulo e poderá participar de um campeonato no Chile.

Durante a festa haverá, ainda, lançamento de livro e cd, exposição Art Urbana Crew e pintura de telas ao vivo. No domingo (27), o rapper Gaspar do Z’África Brasil fará um bate-papo sobre o livro de sua autoria “O Brasil é um Quilombo’ e o MC Marcello Gugu lançará seu primeiro disco intitulado “Até Que Enfim Gugu”. As telas serão pintadas por conhecidos grafiteiros do Movimento Hip Hop, entres eles, Tota, Meduza, Chor e Edinho Riska.

A Casa do Hip Hop de Diadema foi pioneira por ser a primeira casa pública a utilizar elementos do Hip Hop como processo de formação, conhecimento e difusão da cultura junto aos jovens. Criada em 29 de julho de 1999, ela é uma referência nacional pelo trabalho que realiza e pela criação de oficinas culturais que auxiliam adolescentes a descobrirem suas habilidades e potencialidades.

As oficinas são gratuitas e duram em média quatro meses de estudos. São capacitações em Dança de Rua, DJ, MC, Grafite e Rap, que, anualmente, formam 500 novos alunos. Nesses 14 anos de existência mais de cinco mil pessoas passaram pelas oficinas da Casa.

Um dos frutos oriundos da Casa do Hip Hop foi o vocalista e DJ Anderson Cassiano Barbosa de Sena, mais conhecido como Dan Dan.Atualmente, ele divide o vocal com o rapper Criolo. Dan Dan começou cedo no Hip Hop e, em 1992, com 22 anos, ajudou a formar a primeira “Posse”, um tipo de ONG para o estilo musical. “Foi a partir dessa posso que a prefeitura reconheceu nosso projeto e começou a desenvolver as oficinas em 93”, afirma.

Dan Dan começou na dança e depois percebeu que tinha vocação para a música e para o canto no estilo. O DJ fez parte da gestão da Casa do Hip Hop em 2013, mas este ano, com a agenda lotada de shows com seu parceiro Criolo, ajuda a instituição de longe.

Outro artista que saiu das ruas de Diadema e hoje trabalha com o Hip Hop profissionalmente é o DJ Bruno Rafael de Souza, mais conhecido como Boby. Bruno começou no Hip Hop com 14 anos e se interessou pela oficina de DJ da Casa. Em 2004, teve seu primeiro contato com um toca-discos. Assim como Dan Dan, Boby começou na dança e depois foi conhecer os outros elementos que o estilo envolve. “A expressão do hip hop me chamou a atenção, e decidi me dedicar para ser DJ”, explica. Acredita que a arte é ferramenta de transformação e por isso começou a trabalhar e a dar aulas nas oficinas da Casa do Hip Hop.

Outro artista que se desenvolveu na Casa foi o grafiteiro Clodoaldo Almeida da Silva, que tem Pixotte Mushi como nome artístico. O artista se mudou para Diadema em 1997 e começou a se envolver com o Hip Hop. “Como sempre via os artista fazendo grafitti, me inscrevi nas oficinas”, conta. Através do trabalho na Casa do Hip Hop, Silva foi indicado para um curso de computação gráfica e percorreu grandes empresas de animação e publicidade no país.
Atualmente, o grafiteiro tem um ateliê, onde faz escultura, pinturas em tela e continua trabalhando com animações. Ele foi curador da Mostra de Arte Urbana da Diadema no ano passado, e tem a intenção de tonar o evento anual. “Ografitti hoje foi profissionalizado, não existe mais tanto preconceito como havia há 10 anos”, ressalta.