Santas Casas do ABC pedem socorro

Santa Casa de São Bernardo, que tem dívida de R$ 2 milhões

Após problemas na Santa Casa de São Paulo, unidades do ABC também demonstram abandono por parte do poder público e continuam endividadas. Na região, o sustento é realizado pelas secretarias municipais de Saúde, tanto em Mauá, quanto em São Bernardo. Porém, a situação é menos crítica na região em comparação à capital. O serviço que parou em São Paulo por falta de recursos foi o de emergência e urgência, atendimentos que não são realizados nas Santas Casas do ABC.

Segundo o advogado da Santa Casa de São Bernardo, Victor Ribeiro, todas as Santas Casas do Brasil estão endividadas. O déficit desta unidade é de aproximadamente R$ 2 milhões.

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Em São Bernardo, os principais procedimentos realizados são os dermatológicos, além de exames como tomografia e mamografia. No local, são 40 leitos para internação, e segundo o advogado, é muito difícil estimar o número de pessoas atendidas, pois o fluxo de pacientes é muito rotativo. Ribeiro acrescenta que não existe nenhum projeto público para angariar fundos e reerguer a Santa Casa. “Nós tentamos fazer convênios e até atender pacientes particulares, mas é um público menor, porque o forte é o público do SUS (Sistema Único de Saúde),” afirma.

Em São Bernardo, a Prefeitura repassa R$ 504 mil por mês, valor que vem da verba do Ministério da Saúde. Além deste dinheiro, a Prefeitura de São Bernardo também oferece R$ 35 mil para a manutenção dos 40 leitos de internação, o que dá, em média, um valor de R$ 420 por dia para cada leito.

Já em Mauá, o valor repassado pelo município é de R$ 300 mil. É importante destacar que em ambos os municípios não existe verba municipal. Para as duas cidades, o repasse não é o suficiente.

Em Mauá, a Santa Casa gasta aproximadamente R$ 500 mil por mês, o que cria um déficit de cerca de R$ 200 mil mensais. Segundo o superintendente Harry Walendy, a dívida da Santa Casa do município gira em torno de R$ 5 milhões e R$ 6 milhões.

A solução que Mauá busca para sanar essa dívida é parecida com a de São Bernardo. O hospital busca convênios e atendimentos particulares para tentar equilibrar o problema. Para Walendy, a saída seria o Ministério da Saúde corrigir a tabela do SUS, ou pelo menos, que o município complete o que falta dessa tabela. Por exemplo: Um parto custa cerca de R$ 1.000 para a Santa Casa, o repasse do Ministério é de R$ 600. Para o superintendente, o mínimo deveria ser que a prefeitura cobrisse os outros R$ 400.

Em Mauá, os principais procedimentos são a internação na UTI (10 leitos), maternidade e a internação clínica, de pacientes com pneumonia por exemplo. No local existem 110 leitos, dos quais 70 são destinados à pacientes do SUS.

Crise
Em São Paulo ocorreu a interrupção do atendimento de urgência e emergência no Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo devido à falta de recursos para aquisição de materiais e medicamentos.

Para entender o que leva uma Santa Casa a fechar suas portas para a população é preciso considerar que estas instituições hospitalares destinam mais de 60% de suas capacidades assistenciais ao SUS, cuja contraprestação é pública e notoriamente conhecida como deficitária, na ordem de R$ 5,1 bilhões/ano, consolidado no país. Em média, a cada R$ 100 empregados pelos filantrópicos nos convênios e contratos com o SUS, os hospitais são remunerados com R$ 65.

Os maiores problemas estão localizados na assistência de média complexidade, onde as diferenças entre o pago e o efetivamente gasto, em alguns casos, superam os 200%. Esta realidade já gerou dívidas acumuladas superiores a R$ 15 bilhões.

Com a ameaça de paralisação, o governo do Estado liberou R$ 3 milhões para que a Santa Casa não parasse os atendimentos. A pasta, no entanto, condicionou a liberação de novos recursos à realização de uma auditoria nas contas da entidade, que ao longo dos últimos anos tem sofrido com o aumento expressivo de suas dívidas. Objetivo é ajudar a entidade a aprimorar a gestão de suas contas.

A Santa Casa é um hospital filantrópico, que tem convênio com o poder público e atende aos pacientes do SUS. É importante ressaltar que o primeiro atendimento não é realizado no local. Os cidadãos devem se direcionar primeiramente às UBSs e UPAs, para diagnosticar o problema, e a partir daí, serem encaminhados para a internação na Santa Casa.

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