CNI envia propostas para setor elétrico aos candidatos

Enquanto o setor elétrico brasileiro chega ao fim do governo Dilma Rousseff tentando sair de um rombo bilionário e ainda cheio de incertezas em relação ao futuro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviou a todos o presidenciáveis um documento com diversas propostas de longo prazo para a matriz brasileira. O objetivo é destravar discussões polêmicas – como a construção de reservatórios e o uso da energia nuclear – e trazer o planejamento energético para o centro do debate eleitoral, para que o País comece a ter “planos B” para eventuais crises como a atual.

“O documento parte da necessidade de se discutir agora as soluções de longo prazo para o setor. É preciso enfrentar questões sensíveis e levar essas discussões para a sociedade para que as decisões sejam tomadas de maneira segura”, avaliou o especialista em Políticas e Indústria da CNI, Rodrigo Garcia.

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A lista de propostas da entidade converge para o uso sistêmico de todas as fontes de energia disponíveis no Brasil, deixando de lado preconceitos com determinados combustíveis e tentando se afastar de discussões apaixonadas de determinados segmentos da sociedade. Nesse sentido, a CNI convida os candidatos a apresentarem projetos em todos os segmentos de geração, do carvão mineral à energia solar.

“Não existe geração de energia sem impacto ambiental, mas o importante é mitigar esses impactos da melhor maneira. E para buscar maior competitividade a nível global, temos que aproveitar todas as nossas fontes para combiná-las da maneira mais sustentável”, acrescenta Garcia.

Emoção

Por isso, embora os megaprojetos de usinas hídricas na Amazônia estejam sendo construídos segundo o modelo chamado fio dágua – sem o armazenamento de grandes quantidades de água e a inundação de vastas áreas da floresta -, o especialista retoma a discussão da construção de empreendimentos hidrelétricos com reservatórios de água sempre que possível. “O envolvimento emocional com o tema às vezes impede que decisões importantes nesse campo sejam tomadas, mas essas baterias naturais são importantes para termos reserva de energia”, completa.

Além disso, a CNI defende incentivos para o desenvolvimento de tecnologias ainda usadas em pequena escala, como a eólica e a solar, que, embora não possam garantir a segurança energética devido a seus ciclos irregulares, são importantes para aliviar a carga de outras fontes. “Quanto mais pudermos usar os ventos e a luz do sol mais eficiente será o uso do carvão, do gás e do óleo combustível, que hoje encarecem a energia no País”, explica Garcia.

Previsibilidade

Ainda assim, a entidade considera positiva a primeira rodada para a licitação de blocos de exploração de gás não convencional em terra, marcada para acontecer no segundo semestre deste ano. Para a CNI, os candidatos devem se comprometer com um cronograma previsível e constante de concessões no segmento, que tem potencial para criar uma nova cadeia industrial e de serviços no País, além de baratear o combustível, a exemplo do que já vem ocorrendo nos Estados Unidos.

Por fim, a confederação tenta destravar as discussões sobre o rumo da energia nuclear no Brasil, onde, a exemplo da Europa, o setor passou por um desaquecimento após o desastre de Fukushima, ocorrido no Japão em março de 2011. “O Brasil tem uma grande reserva de urânio e uma renomada tecnologia de enriquecimento do material. Não podemos abandonar essa indústria e temos que acompanhar as novas tecnologias que vêm sendo desenvolvidas a nível mundial com o objetivo de torná-la mais segura e eficiente”, conclui o especialista.

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