Criado em 2012 com o objetivo de incentivar o consumo de produtos culturais, principalmente para trabalhadores de baixa renda, o Vale-Cultura ainda beneficia um número pequeno de trabalhadores no ABC.
O programa consiste no fornecimento de um cartão magnético para o trabalhador, com um crédito de R$ 50, para utilização em cinemas, teatros, exposições, livrarias, artesanato, entre outras atividades. A adesão ao programa tem que partir das empresas e não é obrigatória. Quem paga o benefício não é o governo, mas sim o empresário.
De acordo com o Ministério da Cultura, apenas 82 empresas do ABC aderiram ao Vale-Cultura. O número de trabalhadores beneficiados chega a 74.272 na região.
A quantidade de funcionários que possuem o cartão pode parecer significativa, mas esconde uma desigualdade. Deste total, 72.400 trabalhadores são de uma única empresa, a CAMP SBC.
Expansão e dificuldades
Para tentar mudar essa realidade e levar o Vale-Cultura para mais trabalhadores, o Ministério da Cultura adotou a estratégia de buscar o apoio de sindicatos. A ideia é lutar para que a obtenção do benefício seja incluída na pauta das entidades sindicais e passem a ser uma reivindicação feita aos empresários.
Um exemplo exitoso foi o acordo firmado no ano passado entre os sindicatos dos bancários e os bancos, que decidiram fornecer o benefício para os trabalhadores.
Nesta segunda-feira (7), a ministra da Cultura, Marta Suplicy, esteve na sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em São Bernardo, para conversar com Rafael Marques (presidente do sindicato dos Metalúrgicos do ABC) e Valmir Marques da Silva (presidente da Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da CUT/SP).
“Nós temos as negociações coletivas, e esse é um item que pode entrar na negociação, como entrou na negociação dos bancários”, defende a ministra da Cultura. “Essa é uma região que passou a ter, já há algum tempo, uma possibilidade cultural bastante grande. E esse é um recurso que vai ficar aqui [no ABC], criar musculatura para os grupos culturais”.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC promete inserir o Vale-Cultura na pauta de reivindicações da categoria, mas reconhece que o atual momento do setor pode dificultar a adesão imediata ao programa.
“É um ano que a indústria tem sinais de retração, sabemos que é um ano de dificuldades econômicas, muita gente puxando o freio de mão. Acho que para o ano que vem as chances de alargar esse benefício é muito mais factível”, avalia Rafael Marques.
Dos cerca de 100 mil metalúrgicos representados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, aproximadamente 43 mil se encaixam no público-alvo do Vale-Cultura, que visa beneficiar principalmente trabalhadores que recebem até 5 salários mínimos.