O gerente de banco Luiz Gustavo de Almeida paga a conta no Suplicy Café, no bairro Jardins, em São Paulo, sentado na sua mesa, sem passar pelo caixa ou abrir a carteira. Ele é um dos clientes que já utiliza a solução de pagamento móvel oferecida pela rede desde o início do ano, por meio de uma parceria com o Paypal. “É mais prático. Não pego fila para pagar e, às vezes, venho para o café só com o celular no bolso.”
O Suplicy Café é uma das poucas varejistas que oferecem ao cliente soluções de pagamento móvel no Brasil. A empresa participa de um projeto-piloto global do Paypal para viabilizar a tecnologia – a forma de pagamento já representa 5% das transações. O usuário deve ter uma conta no Paypal – na qual tem cartões cadastrados – e baixar o aplicativo da empresa. Na hora de pagar a conta, faz o check-in na loja (por meio do aplicativo) e aguarda o atendente lhe enviar a mensagem de pagamento (ele usa um tablet). O cliente só deve confirmar o pagamento no celular e o valor será descontado de seus cartões pré-cadastrados. “Para a loja é mais uma forma de pagamento. Há uma necessidade de treinamento dos atendentes, mas o cliente que usa se torna assíduo”, disse Marco Suplicy, dono da cafeteria, que tem a solução em 5 lojas e pretende ampliar para 11 este ano.
Uma pesquisa do Paypal com 15 mil pessoas em 15 países divulgada hoje mostra que o brasileiro é o cliente que mais deseja facilidades para pagar com celular – o índice é de 30% dos entrevistados, acima da média global de 20%. De olho nisso, a empresa testa no Brasil uma solução para pagamento móvel no varejo físico. “Deixamos de ser uma empresa focada no varejo online e nos voltamos ao comércio como um todo. Isso aumenta em dez vezes nossas oportunidades de negócios”, disse o diretor do Paypal para a América Latina, Mario Mello. O Paypal pode cobrar tarifas sobre as transações na loja.
A empresa ainda não tem planos de expansão da tecnologia no Brasil e diz que está focada em entender dificuldades e oportunidades na operação. Ainda neste ano, o Paypal vai testar no Suplicy Café tecnologias que permitem, por exemplo, fazer pedidos pelo aplicativo e oferecer promoções. “Não queremos só oferecer um novo meio de pagamento, mas uma nova experiência de compra”, disse Mello.
Existem outras ações que aliam o celular ao varejo físico no País. No Rio, há um projeto-piloto para uso do celular no pagamento da passagem de ônibus. Em São Paulo, a novidade está sendo testada no delivery de supermercados em três estações de metrô. Um adesivo com imagens de produtos imita a gôndola e o cliente escaneia o QR code para fechar a compra pelo celular e receber em sua casa.
As varejistas americanas estão na frente nessa corrida. Redes como J.C. Penney e Nordstrom já recebem pagamentos pelo celular e 61% delas estão desenvolvendo soluções ou têm planos para os próximos 12 meses, segundo pesquisa de agosto da Yankee Group IT com lojas que têm mais de 500 funcionários.