ABC deve se preocupar com crise hídrica, diz especialista

É a primeira vez na história que o Estado de São Paulo utiliza o volume morto para evitar a crise no abastecimento(Divulgação)

O sistema Cantareira, que abastece a região da Grande São Paulo, está em colapso, que amanheceu nesta sexta-feira (27/06) com apenas 21,1% do volume de reserva. Desde 16 de maio, o governo do Estado foi obrigado a utilizar o chamado “volume morto”, que consiste na parte mais baixa da represa.

É a primeira vez na história que o Estado de São Paulo utiliza o volume morto para evitar a crise no abastecimento. Armazenado abaixo do ponto de captação da represa, o volume morto não pode ser retirado apenas pela força da gravidade. É necessário puxá-lo por bombas, que custaram R$ 80 milhões aos cofres públicos.

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A reserva é a última saída para que a população não fique sem água. No ABC, São Caetano é a única cidade abastecida pelo sistema, que tem condições de manter, na sua totalidade, aproximadamente nove milhões de pessoas, por mais 100 dias. A situação é preocupante. Em período de estiagem, as previsões climáticas não indicam chuvas nas próximas semanas.

A única cidade da região que deve se preocupar é São Caetano. Pois as demais cidades, São Bernardo, Diadema e 10% de Santo André são abastecidas pelo Sistema Rio Grande, na represa Billings. O Sistema Rio Claro abastece 90% de Santo André e Mauá. Já Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra recebem água tanto do Ribeirão da Estiva quanto do Sistema Rio Claro.

O professor doutor de engenharia ambiental da Fundação Santo André e coordenador da pós graduação, Murilo Andrade Valle, acredita que a falta de planejamento do governo do Estado é a principal causa da crise do sistema. “Nos últimos anos, o planejamento das bacias não foi feito de maneira a prever problemas de eventuais secas. Muito já se falava sobre a falta de água que aconteceria, o governo que não se planejou”, afirma.

Valle diz que o ABC pode ter problemas com a falta de água. “Apesar de apenas São Caetano ser abastecido pelo Cantareira, a água que nos abastece vem de longe, porque a que temos aqui é suja, e esse fluxo vai diminuir conforme outras regiões tiverem falta de água”, opina

Para o coordenador, uma das possíveis soluções para o problema é o rodizio. “A prefeitura vai ter que fazer alguma coisa. Se as pessoas não entenderam que a água pode acabar, ficaremos sem água”, afirma. Valle acredita que as medidas de multa ou descontos no pagamento de acordo com o consumo são apenas paliativas. “Claro que ajuda a diminuir o consumo, mas o planejamento deveria ter sido feito há tempos atrás”, comenta.

(Colaborou Brenno Souza)
 

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