Metalúrgicos do ABC querem IPI zero para automóveis

Produção de automóveis sofre impacto com baixo desempenho nas vendas. Foto: GMB

A crise que atinge a indústria automobilística e ameaça centenas de empregos no ABC fez aumentar a pressão para que o governo federal conceda novos benefícios às montadoras. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é uma das entidades que está na linha de frente que tenta convencer o governo Dilma a reduzir impostos que incidem sobre a produção de automóveis, o que poderia beneficiar os funcionários de toda a cadeia produtiva de veículos.

O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) cobrado sobre a fabricação de carros populares está hoje em 3%. “Queremos IPI zero para carros de motorização até 1.000 cilindradas, utilitários e comerciais leves”, defende Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

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Alíquotas
O IPI de automóveis começou a ser reduzido no início de 2012, como parte de estratégia do governo para aquecer a economia. Antes das primeiras reduções, a alíquota era de 7% sobre os carros populares.

A atual alíquota, de 3%, é válida até o dia 30 de junho. O governo sinalizava no final o ano passado que a cobrança voltaria a ser de 7% a partir de julho, mas a crise que atingiu a indústria automobilística pode fazer a gestão Dilma mudar de ideia. A expectativa é que, na pior das hipóteses, o governo não zere o IPI, mas pelo menos garanta que o imposto não volte ao patamar original de 7%.

Motivos
Um conjunto de fatores tem provocado queda na procura por veículos novos, que impactou diretamente no desempenho das montadoras no ABC. O preço final ao consumidor está maior, o que explica parte da crise.

Todos os carros agora têm de sair de fábrica com freio ABS e airbag, o que encarece a produção e torna o preço do automóvel mais salgado. Além disso, houve aumento do IPI de 2% para 3% no início do ano.

Outro problema é que os financiamentos não estão mais tão fartos como antes. “Estamos vivendo um momento em que os bancos estão segurando crédito, que está mais seletivo, mais caro e com menos tempo para financiamento”, avalia Rafael Marques.

A redução das importações da Argentina também pesou, principalmente, na produção de caminhões. Levantamento do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), também aponta retração nas vendas de aços planos, que encerraram abril com queda em torno de 9% sobre o mês anterior e quase 13% abaixo do volume comercializado em igual período de 2013.

Garantia de emprego é incerta

Por enquanto, as montadoras não estão em fase de demissões dos funcionários parados. A preocupação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é que a crise persista e leve as empresas a dispensar mão de obra em massa.

A partir da próxima semana a Mercedes-Benz vai dar licença remunerada a 700 funcionários. A montadora alemã já havia aberto um PDV (plano de demissão voluntária) e agora vai passar a operar em apenas um turno.

Funcionários da Volkswagen estão em lay-off (contratos suspensos) desde a última segunda-feira (5).

A GM abriu um PDV em março, que contou com mais de 300 adesões. Em abril concedeu férias coletivas por duas semanas, situação que deve se repetir de forma ainda mais acentuada em junho.

Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, afirma que o setor está prestes a entrar num caos. “Já está sinalizada também uma paralisação total da GM de 12 de junho a 24 de junho”, ressalta.

A dúvida dos sindicalistas é até quando as montadoras vão conseguir segurar os empregos, caso a retomada na venda de carros não aconteça. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC propõe a criação de programa de proteção ao emprego, como existe em alguns países europeus, para proteger os trabalhadores no caso de a crise persistir.

A proposta consiste em reduzir a jornada de trabalho e a hora não trabalhada ser subsidiada pelo seguro-desemprego. “Ao invés de você pagar seguro-desemprego para quem já perdeu o emprego, você reduz a jornada, reduz o salário e o governo subsidia parte ou integralmente”, explica o presidente da entidade, Rafael Marques.

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