Alboredo diz que saída é mexer no bolso do motorista

O coronel da PM, Roberto Alboredo Sobrinho, comandante do 8º Grupamento do Corpo de Bombeiros, é pessimista em relação aos acidentes de trânsito no País. Para o comandante, existem muitos estudos sobre o assunto, mas enquanto a lei não for cumprida à risca e a educação estiver ruim, a violência vai continuar. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 90% dos acidentes de trânsito são causados por falha humana, outros 6% são por questões relacionadas à estrada e apenas 4% por falhas mecânicas.

Com relação aos motoristas, a OMS aponta para imprudência, quando alguma regra é conscientemente quebrada; negligência, quando não há cuidado no cumprimento das normas, e imperícia, ou seja, a falta de habilidade necessária para a condução do veículo. “Acho que tudo envolve educação, o motorista, o pedestre, o motociclista, nenhum destes é educado no trânsito, a pessoa acredita que a rua é dela, é cultural”, relata.

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“A melhor opção é mexer no bolso do infrator”, diz Alboredo Sobrinho, que participou de encontro realizado segunda-feira (28), na Universidade Metodista, intitulado ‘Trânsito: a imprudência como causa de acidentes e a segurança como uma escolha sua’.

O simpósio contou com apresentação da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB), vítima de acidente de automóvel, em 1994, que a deixou tetraplégica. “Viramos uma fábrica de pessoas com sequelas irreversíveis, é muito triste”, disse a parlamentar, cotada para vice na chapa presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Legislação
Os dois palestrantes acreditam que a melhor imposição e cumprimento da lei é fundamental para que as infrações diminuam, e consequentemente, a queda dos acidentes. “As leis precisam ser mais eficientes e as pessoas simplesmente não as cumprem. Se você sabe que aquela via tem um radar, você ultrapassa a velocidade e depois quer quebrar a multa, é absurdo”, argumenta Alboredo.

Defensora das políticas públicas para pessoas com deficiência, Mara Gabrilli acredita que o pedestre não tem reconhecimento no nosso trânsito. “É necessário começar a valorizar o pedestre em detrimento ao automóvel. Melhorar calçadas, sinalização, colocar semáforos sonoros, isso ajuda. Sem falar nas campanhas, informação é uma ferramenta essencial. Campanhas de conscientização, de uso da faixa de travessia, de velocidade”, diz.

O coronel aponta que de 2001 para 2012, a frota de veículos no País cresceu de 24 milhões para 76 milhões. “Hoje em dia qualquer um tira carteira de habilitação. Esse processo deveria ser mais rígido. Apenas os que estão aptos para conduzir deveriam ter a carta. É muito fácil burlar o sistema. Quem não passa, compra a carta e vai pra rua”, desabafa o coronel.

Mara Gabrilli diz que seu principal trabalho está relacionado com a prevenção de lesões medulares. “A necessidade de equipar a cidade para o deficiente é enorme, pois uma cidade boa para o deficiente é melhor para todos, mais segura. Trabalhamos com calçadas, iluminação, respeito a vagas reservadas, quesitos de segurança e autonomia. Eu sempre acredito que quando falamos sobre cidadania, a pessoa que joga lata de refrigerante no chão, é a mesma que para na vaga com deficiência, é a mesma que fica gastando agua lavando a calçada”, diz. (Colaborou Brenno Souza)

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