PPS convidará Padilha para falar na Câmara

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse que o partido vai convidar o ex-ministro da Saúde e hoje pré-candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha (PT), para prestar esclarecimentos na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Casa sobre o seu possível envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef.

“Nada mais justo do que o ex-ministro Padilha ter o espaço público da Câmara para se explicar. Aliás, essa não é primeira suspeita de irregularidade envolvendo a sua gestão. Há a questão dos contratos da área de saúde indígena, investigados por vários órgãos. Queremos ouvir suas explicações”, afirmou Bueno.

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Novo relatório da Polícia Federal sugere que Padilha indicou em novembro de 2013 um ex-assessor para dirigir o laboratório Labogen, do doleiro preso Alberto Youssef.

A suspeita da PF é baseada numa mensagem enviada pelo deputado André Vargas (PT-PR) ao doleiro por telefone celular no dia 28 de novembro e interceptada pela PF. Segundo o relatório, Vargas deu o nome e o número do ex-assessor e escreveu: “Foi Padilha que indicou”.

Segundo a PF, o Padilha citado é “possivelmente” o então ministro da Sáude. A PF considera o Labogen instrumento de lavagem de dinheiro. O executivo citado, Marcus Cezar de Moura, já havia trabalhado com Padilha no ministério.

A Folha de S.Paulo informou nesta sexta-feira (25/04) que Moura trabalhou na campanha de Dilma Rousseff em 2010 e recebeu R$ 27.391,24 pelo trabalho, em cinco pagamentos feitos de 30 julho a 29 de outubro antevéspera do 2º turno. O nome do executivo está listado na prestação de contas registrada no TSE. Ele também foi filiado ao PT paulista de 1994 a 2008.

Na época em que a mensagem foi interceptada, o Labogen negociava sua entrada numa parceria com o ministério para produzir um medicamento considerado estratégico pelo governo, um projeto que poderia render até R$ 31 milhões em cinco anos. No projeto analisado pelo Ministério da Saúde, o Labogen associou-se ao laboratório da Marinha e a outro laboratório privado, o EMS, por sugestão do próprio ministério, de acordo com outras mensagens interceptadas pela PF.

A parceria foi aprovada pelo ministério em dezembro e cancelada em março, antes que fosse assinado um contrato, depois que a Folha revelou a ligação do doleiro com o Labogen e os indícios de que André Vargas tinha usado sua influência política para patrocinar a parceria.

Para Bueno, o ressurgimento do nome de Padilha em investigação da PF, que também envolve a Petrobras, dá pistas sobre o temor do PT em torno da instalação de uma CPI no Congresso.
“Estamos vendo que, além da presidente Dilma, começam a aparecer vários candidatos do PT nessa trama que deu um prejuízo bilionário para a maior empresa do país. E parece que o esquema, que tudo indica funcionava com o objetivo de angariar dinheiro para campanhas, ultrapassou as fronteiras da Petrobras”.

O documento da PF também cita contados do doleiro com dois deputados do PT de São Paulo. Padilha afirmou em nota não ter indicado “nenhuma pessoa para o Labogen” e repudiou o envolvimento do seu nome na investigação da PF.

Youssef é suspeito de comandar mega esquema de lavagem de dinheiro com ramificações políticas e na Petrobras. O relacionamento com o doleiro já teve consequências para Vargas, que renunciou ao cargo de vice-presidência da Câmara, sofre pressão do próprio partido para renunciar ao mandato e está ameaçado de expulsão da sigla.
Vargas começou a cair em desgraça na cúpula do partido após a Folha revelar que ele usou um jatinho emprestado pelo doleiro Alberto Youssef. 

(Folhapress)

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