Brasil e México estariam menos vulneráveis, diz estudo

O Brasil é considerado pouco vulnerável ao fim do boom das commodities, segundo ranking com países da América Latina elaborado pela consultoria Capital Economics. O levantamento avalia a dependência dos países das exportações de commodities, o impacto que os preços menores desses produtos pode ter nas contas correntes desses países e suas dívidas externas de curto prazo.

O ranking coloca o Brasil como o segundo país da região menos vulnerável a esse novo cenário, atrás somente do México. Em seguida estão Colômbia, Argentina, Venezuela, Peru e Chile – considerado o mais vulnerável em relatório divulgado hoje pelo analista David Rees.

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O analista aponta que, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), as exportações de commodities representaram quase 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Chile em 2012. O caso do Peru é semelhante, enquanto o México tem menos exposição às commodities ou à economia chinesa. “Temos alertado há muito tempo que o recente período de forte crescimento na América Latina evoluiu com bases fracas. Com maiores vulnerabilidades externas, diversos países da região agora estão expostos ao aperto das condições monetárias globais na medida em que o boom das commodities chega ao fim”, avalia Rees. Segundo ele, porém, com a exceção de Argentina e Venezuela, as amplas reservas cambiais dos países da região apontam para um período prolongado de crescimento fraco em vez de uma crise sistêmica.

Para o analista, se os preços das commodities caírem para os níveis vistos em 2009, o impacto na conta corrente dos países da América Latina provavelmente provocaria uma forte redução da demanda doméstica. O cenário menos extremo da consultoria para a queda nos preços das commodities já faria com que os déficits em conta corrente de Brasil, Chile, Colômbia e Peru superassem 5% do PIB. Esse cenário inclui queda do preço do petróleo para US$ 90 por barril este ano e do cobre para US$ 6.250 por tonelada.

Já ao comparar a dívida externa de curto prazo desses países, a Capital Economics ressaltou que as mais significativas são as da Argentina, do Chile e do México, enquanto a do Brasil é a menor – somente 1,5% do PIB.

Diante desse cenário, David Rees avalia que não será uma surpresa se Argentina e Venezuela enfrentarem crises nos balanços de pagamentos nos próximos anos. “O ponto positivo é que uma crise sistêmica na América Latina parece improvável, mas o crescimento sem dúvidas será menor por um período prolongado. E isso pode começar a parecer uma crise quando comparado ao boom da última década”, afirma o analista.

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