América Latina deve continuar em marcha lenta, diz FMI

A América Latina deve continuar em marcha lenta, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI). As exportações devem crescer, estimuladas pela maior expansão dos Estados Unidos, mas a queda dos preços internacionais das commodities e condições financeiras mais duras no mercado externo devem pesar negativamente na atividade doméstica. O investimento privado deve seguir baixo, em meio aos problemas na infraestrutura, afirmou o diretor do Fundo para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner, em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira.

Mais do que nunca, diz Werner, os países da região devem ter velocidades diferentes de crescimento. Ele menciona as previsões de baixo crescimento para Argentina e Venezuela. Já Colômbia e Peru devem ser destaques de expansão. O México, depois de crescer apenas 1,1% no ano passado, deve se recuperar e crescer 3% este ano.

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No Brasil, a baixa confiança do empresariado deve seguir contribuindo para o nível fraco de investimento privado e o crescimento econômico deve continuar sem brilho. O FMI voltou a rebaixar a previsão de expansão do Brasil e prevê alta de 1,8% do PIB este ano. O País deve avançar no ajuste fiscal e em conter a inflação.

Uma das decepções na região é o comportamento recente do investimento privado, não apenas no Brasil, mas em outros países. Werner cita que ocorreu uma desaceleração importante na América Latina. O crescimento real nos seis principais países da região baixou do nível de dois dígitos em 2010 para menos de 5% em 2013 e deve recuar para menos de 3% este ano.

A América Latina como um todo deve crescer 2,5% em 2014, abaixo dos 2,7% do ano passado. A região deve ficar abaixo da média dos países emergentes, de 4,9%, e dos desenvolvidos, de 3,6%.

Werner alerta para riscos que rondam as economias da América Latina, tanto externos como internos. A desaceleração no crescimento da China deve contribuir para manter em queda os preços das commodities pelos próximos dois anos, afirmou Werner aos jornalistas. Há o risco, disse ele, de um recuo ainda mais forte nos preços destes produtos, caso a China cresça menos que o previsto.

Riscos

Outro risco importante é a mudança da política monetária dos Estados Unidos, que pode provocar “crescente volatilidade” nos fluxos internacionais de capital, sobretudo em países com maior fragilidade nas contas externas, alta inflação e espaço limitado de manobra nas políticas econômicas, afirma ele, sem citar nomes.

Pelo lado doméstico, fracas posições nas contas fiscais são uma “importante vulnerabilidade”. Em alguns países, é preciso ainda monitorar o aumento do endividamento das empresas. Werner não citou o Brasil, mas no relatório Estabilidade Financeira Global o FMI menciona preocupação com o passivo corporativo na economia brasileira.

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