Greve dos garis tem novo capítulo

Varredores de Santo André fazem protesto no Paço (Foto: Pedro Diogo)

A paralisação dos trabalhadores de limpeza urbana do ABC chega nesta sexta-feira (4) ao quinto dia, ainda sem perspectiva de acabar. A categoria vai participar, a partir das 13h30, de uma nova audiência no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) para tentar dar fim ao impasse.

A expectativa é que as empresas, mais uma vez, ofereçam 10% de reajuste para os profissionais – os trabalhadores querem 15,39% de aumento. Até agora, não houve por parte do sindicato patronal nenhuma sinalização de que de uma nova proposta será apresentada.

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Como as negociações não avançaram a Justiça pode determinar nesta sexta-feira um valor de reajuste para dar um ponto final no impasse. Uma assembleia será realizada a partir das 17h para definir se a greve vai ou não continuar.

Protesto

A categoria voltou a promover uma manifestação no centro de Santo André nesta quinta-feira (3). Cerca de 150 varredores saíram pela manhã para uma passeata que teve início na rua Vinte e Quatro de Fevereiro (sede da empresa Construrban), e que percorreu as principais avenidas do centro, como a Firestone e a Perimetral, em direção ao Paço Municipal.

Uma comissão de trabalhadores foi recebida pelo prefeito Carlos Grana e pelo secretário de Trabalho, Renda e Economia Solidária, Cícero Firmino da Silva, o Martinha.

Sem negociação

Na avaliação do Siemaco ABC (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Manutenção de Áreas Verdes Públicas e Privadas), as negociações, que tiveram início em janeiro, travaram por intransigência das empresas.

“As empresas estão fugindo de negociar. O TRT determinou que as negociações fossem retomadas, mas o sindicato patronal recusou”, afirma o presidente do sindicato, Roberto Alves da Silva. “O porcentual de reajuste defendido pelos trabalhadores equivale a um aumento real de R$ 150 na folha de pagamento. As empresas querem nos dar R$ 100. Então, tudo isso é por causa de R$ 50 a mais para os coletores, que as empresas podem bancar.”, diz.

A entidade nega que esteja descumprindo a liminar que determina que pelo menos metade dos profissionais trabalhem. “Em algumas cidades tem até mais gente trabalhando. Em São Bernardo 70% do efetivo está na rua”, afirma o presidente do Siemaco ABC.

Compreensão

Apesar de o sindicato afirmar que ao menos 50% dos garis estão trabalhando, é possível notar a sujeira do centro à periferia das cidades. A gari Maria Vera Lúcia, 40, pede que a população entenda o movimento. “Estamos lutando por nossos direitos, espero que as pessoas não fiquem com raiva”, relata. Já Terezinha Honório, 36, varredora da Construrban há 12 anos, afirma que a classe poderá continuar realizando passeatas até que consiga o aumento esperado. 

O impasse na negociação levou a prefeitura de São Caetano a despejar, sem permissão, resíduos domiciliares no terreno onde funcionou as Indústrias Matarazzo, no bairro Fundação. A decisão fez com que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) advertisse o município, que alega ter decidido despejar o lixo no terreno para evitar riscos à saúde pública. Segundo a prefeitura, a ação tem caráter emergencial, já que a greve também dificulta o acesso dos caminhões de coleta ao aterro sanitário da empresa Lara, que fica em Mauá, mas é utilizado por São Caetano.

Em São Bernardo, bairros centrais, como o Jardim do Mar, e mais afastados, como o Jardim Alvorada, sofrem com sacos espalhados pelas calçadas. O lixo está acumulado desde terça-feira em boa parte da cidade. “A gente fica sem saber se recolhe ou não o saco que pusemos na rua. Deveriam avisar”, reclama Cristina Gomes.

Em algumas regiões de Diadema, a situação é crítica. “Não tivemos coleta nesta semana. Era para ter passado na terça e hoje (ontem). O resultado é esse cheiro forte, que só piora”, diz Hilda Almeida, do Jardim Bela Vista.

(Colaborou Caio Soares)

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