O Núcleo de Apoio à Natação Adaptada de Santo André (Nanasa), que completa 12 anos de atividades este ano, volta a enfrentar impasses que preocupam os organizadores, pais e alunos envolvidos nos projetos da entidade. Isso porque o convênio com o governo do Estado para o projeto Nadar é Preciso termina em junho e, até agora, não foi enviado comunicado de renovação. A Acide (Associação pela Cidadania das Pessoas com Deficiência), responsável pelo gerenciamento do Nanasa acionou o Consórcio Intermunicipal Grande ABC para que os sete municípios abracem o projeto e não apenas Santo André.
Além de garantir a continuidade do Núcleo, José Carlos Bueno, presidente da Acide, explica que o Consórcio pode ajudar a levar as atividades do Nanasa para as outras cidades, pois 60% dos alunos são de Santo André. O restante, 18% são de Mauá, 10% de São Bernardo, 8% de Diadema, 2% de Ribeirão Pires e outros 2% de São Caetano. “A alternativa que estamos desenvolvendo é de o Consórcio abraçar o projeto único da região e dar continuidade para que cada cidade direcione repasse orçamentário para a associação”, sugere Bueno, que a paralisação das atividades no ano passado resulte na falta de perspectiva em relação à sobrevivência das aulas neste ano.
Conforme nota encaminhada pelo Consórcio, que possui o Grupo de Trabalho (GT) Pessoa com Deficiência, ainda não há versão regional aprovada. “Para que isso seja possível é necessário que o GT encaminhe proposta a ser aprovada pela Assembleia de Prefeitos, o que ainda não ocorreu”, informa.
Iniciantes
Outro projeto que depende do Estado é o Esporte ao Alcance de Todos, que vence convênio em outubro. Atualmente, neste programa cerca de 250 alunos iniciantes estão matriculados e aprendem a nadar. A modalidade beneficia o desenvolvimento da coordenação motora e a possibilidade de inclusão social.
“Estamos articulando com o governo para saber qual a solução para que não seja necessário parar o andamento das aulas, mas é possível voltar a atrasar o calendário do ano por falta de comprometimento das outras partes envolvidas”, diz. Cerca de 50 alunos são beneficiados com treinamentos e até participação em competições oficiais, por meio do Nadar é Preciso.
Projeto desenvolve capacidades dos alunos
Desde os 10 anos, Nycole Cristina de Aquino Vitale pratica natação por recomendação médica para controlar crises de epilepsia e melhorar a oxigenação do cérebro. Aos 14 anos, a adolescente conquistou segunda colocação nos Jogos Escolares Paralímpicos, realizado no ano passado, além de participar de competições. A mãe de Nycole, Claudia Maria de Aquino, diz que as aulas são fundamentais para o desenvolvimento da filha.
“As melhorias foram além das necessidades de saúde, pois amenizaram as crises convulsivas e contribuíram para a autoestima e socialização da Nycole”, conta a mãe, que teme a paralisação das aulas. “Acredito que o governo deve priorizar iniciativas como o Nanasa, pois é difícil encontrar lugares gratuitos e com tanta força de vontade”, reforça Claudia Maria.
Outra aluna do projeto Nadar é Preciso é Claudia Aparecida da Silva, 23, portadora de deficiência auditiva e visual (parcial), que desde os 14 anos pratica o esporte para melhorar problemas de respiração. A mãe, Maria de Lurdes da Silva, afirma que a natação serve, inclusive, como terapia para a filha enfrentar as dificuldades do cotidiano. “Os professores incentivam e ajudam os alunos de maneira singular, atendendo as necessidades de cada um e isso é raro”, diz Maria de Lurdes.
O projeto Nanasa já diplomou aproximadamente 1,4 mil deficientes, por meio do esporte. Para funcionar, o programa conta com a ajuda da Prefeitura de Santo André, com cessão do espaço de imóvel na rua Marechal Hermes, 485, vila Guiomar; e da piscina do Pedro DellAntonia. Cerca de 2,5 mil já passaram pelo programa, que possui lista de espera com mais de 500 deficientes.