Virada na política marca os 53 anos de Diadema

Quarteirão da Saúde / Foto: Forlan Magalhães

Diadema comemora o 53º aniversário num ano marcado por virada de página na história política local. A cidade, que celebrou sua emancipação dia 8 de dezembro, esteve sob o domínio do Partido dos Trabalhadores nas últimas três décadas. A partir de 2013, entretanto, o município que mais investe em saúde no ABC estará sob o comando do prefeito eleito Lauro Michels, do Partido Verde.

Diadema também passará por mudanças na Câmara em 2013. O número de vereadores responsáveis por representar os 385 mil habitantes aumentará de 17 para 21. Os parlamentares aproveitaram os últimos dias da atual legislatura para aprovar o Orçamento 2013, que estima o montante de R$ 932 milhões, 12% inferior em relação à peça orçamentária de 2012.

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A Secretaria de Saúde deve receber o maior repasse: mais de R$ 280 milhões, equivalente a 30% do orçamento, o dobro da taxa mínima estipulada pela Constituição Federal. Um dos últimos grandes investimentos assistido pela população foi a criação do Quarteirão da Saúde, centro que conta com 28 especialidades médicas inaugurado em 2008, no final da gestão do ex-prefeito José de Filippi Jr. (PT).

Os governos federal e municipal investiram cerca de R$ 70 milhões na unidade. A obra, entretanto, não resolveu o gargalo na saúde municipal. Zilda Carvalho, 52, moradora do bairro Canhema, diz que o sistema ainda apresenta lentidão no atendimento. “O tempo de espera é grande e muitas vezes faltam médicos e outros profissionais, além das UBS [Unidade Básica de Saúde] não funcionarem 24 horas”, relata.

O salário baixo da categoria está entre os desafios que precisam ser enfrentados para melhorar a qualidade dos serviços, aponta o novo chefe do Executivo da cidade, Lauro Michels. “Na reforma administrativa, eu vou criar o plano de cargos e salários para os profissionais da área da saúde. Vamos fazer uma readequação financeira dos médicos, que são a principal mão de obra em falta hoje”, afirma.

Michels ainda prevê reformulação do Quarteirão da Saúde. “A ideia é redefinir a saúde pública de Diadema, por meio de parcerias com o governo do Estado, fundações, Hospital das Clínicas e o Hospital São Paulo para trazer mais especialidades para o Quarteirão da Saúde”, explica.

Considerado durante anos um dos municípios mais violentos do Estado, Diadema assistiu ao declínio vertiginoso dos índices de criminalidade a partir da implantação de políticas públicas como o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública Com Cidadania), em 2007. O projeto articula políticas de segurança com ações sociais, como a valorização os profissionais do setor. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, em 2011 a queda nas taxas de homicídio foi de 57%.

A criação da Lei Seca, em 2002, que proibiu o funcionamento de bares após as 23h, também colaborou com a queda da violência. De acordo com Lauro Michels, a partir de 2013 o município vai estudar a criação de um centro de entretenimento na cidade. “Nós vamos manter a Lei seca, mas vamos tentar criar um centro de entretenimento noturno, com várias lanchonetes, espaço para as pessoas poderem ter a sua vida de lazer”, afirma o prefeito eleito. 

Educação tem a segunda maior verba do município

De acordo com o Orçamento 2013, a Educação terá o segundo maior repasse, com R$ 219 milhões, algo em torno de 26% da peça orçamentária. Com mais de 290 escolas nas redes pública e particular, e ensino a caminho da municipalização, Diadema espera pela ampliação de vagas em creches e a criação de um curso pré-vestibular voltado para jovens carentes.
Atualmente, a cidade conta com três instituições de ensino superior: a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) e Faculdade Diadema (FAD). Uma das metas de Michels é a criação de mais cursinhos preparatórios para os vestibulares.

Para Renato Moreni, fundador do GEB (Grupo Estudantil de Base), organização não-governamental que há 10 anos promove atividades culturais e cursos pré-vestibulares gratuitos para cerca de 350 alunos por ano, é preciso mais investimentos na Educação.

“O primeiro passo é investir nas escolas de ensino fundamental, ensino básico e nas creches. Os cursinhos preparatórios existem justamente porque as escolas públicas não estão dando conta de preparar os alunos para ingressar na universidade”, disse.

Comércio

Embora integre a região tradicionalmente industrial do Estado de São Paulo, a principal fonte de renda de Diadema é o setor de prestação de serviços, tendo o comércio como importante atividade econômica.

Um das importantes iniciativas, nos últimos anos, foi a retirada de comerciantes populares de vias públicas, com a criação do Shopping Popular de Diadema, no Centro, em 2002. Hoje, o espaço conta com 241 empreendedores.

Pedro Valcelho de Souza, comerciante e membro da Associação dos Empreendedores Populares de Diadema, afirma que a categoria espera por novos incentivos e investimentos do poder público. “A gente espera muito do prefeito que vai atuar a partir de 2013 a preocupação com a classe, que necessita de mais investimentos no nosso espaço e divulgação”, aponta.

Cultura é referência regional

Com importante tradição cultural, que vai desde o turismo até o esporte, passando pela produção artística no âmbito audiovisual, teatral e musical, Diadema sem dúvida é capital da cultura na região. Sede de diversos espetáculos de grande expressão, realizados todo ano, a cidade possui alguns pontos turísticos que acompanham a vocação, como o Borboletário, o Jardim Botânico, o Museu de Arte Popular e o Observatório Astronômico.

Diadema desponta entre os municípios do ABC com seis centros culturais (Serraria, Diadema, Nogueira, Heleny Guariba, Vladimir Herzog e Taboão), além de duas bibliotecas (Promissão e Paineiras), Casa da Musica, Videoteca Municipal, Casa do Hip Hop, Companhia de Danças, Banda Jazz Sinfônica e Centro de Memória.

A movimentação cultural é forte e não para. Em abril de 2012, Diadema lançou o Plano Municipal de Cultura, documento que consolida o trabalho de produção cultural local e que atende às exigências do Sistema Nacional de Cultura. Os objetivos do plano serão implementados nos próximos 10 anos pela Secretaria Municipal de Cultura, com supervisão do Conselho Municipal de Cultural.

Diadema também é referência em oficinas e cursos culturais. Em novembro, a segunda edição da Mostra das Oficinas Culturais reuniu mais de 1,5 mil alunos, numa grande apresentação de resultados. A mostra ao público trouxe a dimensão dos projetos e processos de experimentação e formação, que acontecem durante o ano nas oficinas culturais gratuitas nos centros culturais, casa da música, centro de memória, museu de arte popular, circo escola e bibliotecas da cidade.

As oficinas abrangem públicos das mais diversas faixas etárias, a partir de seis anos até a terceira idade. O programa de formação da Secretaria de Cultura atende média de 3,2 mil alunos a cada mês na rede de equipamentos. Entre os cursos a população pode fazer artes visuais, música, incluindo hip hop e oficinas de instrumentos musicais, dança, circo discotecagem e teatro.

Divulgação

Mas a cidade que respira cultura popular precisa contar mais o que faz ao munícipe. O estudante Rafael Rodrigues, 25 anos, morador do bairro Eldorado, afirma que usufrui dos espaços culturais da cidade desde que tinha 10 anos de idade, mas os eventos precisam ser mais divulgados. “Poderiam expandir inclusive para as redes sociais, criando vínculos entre o público e os produtores culturais. Assim, se cria o hábito de acompanhar a agenda cultural da cidade, criando um público assíduo e participativo”, sugere.

No esporte, os atletas de Diadema também pleiteam mais investimentos em todas as modalidades de esportes. “O futebol tem muita visibilidade, enquanto o vôlei, handebol, basquete, são esquecidos. Nós temos de correr atrás de patrocínio por conta própria”, diz Jaqueline Pinheiro Monteiro, 16 anos, que integra o time de vôlei de Diadema desde o começo de 2012.

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