Pinheiro prevê enxugamento da máquina e rebaixamento dos trilhos da CPTM

Em entrevista ao RDtv, o vereador e prefeito eleito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), afirmou que pensa em apresentar projeto de reforma administrativa e reduzir o número de funcionários comissionados da cidade. “Em 15 dias, teremos um quadro geral e saberemos o quanto será possível reduzir. Acredito que será bastante”, disse. “Sobre a reforma, eu penso em fundir algumas secretarias mas, por enquanto, vou assumir com as mesmas”, revelou. O prefeito eleito não quis mencionar quais pastas serão atingidas para não causar tumultuo nos setores.

Como prioridade para o seu primeiro ano de mandato, Pinheiro destacou as ações relativas à Segurança. A Polícia Militar receberá atenção especial. O aumento do efetivo e a equiparação dos salários em relação a outras cidades do ABC e região metropolitana serão as primeiras medidas. Além disso, o prefeito eleito discute com a unidade da General Motors de São Caetano a compra de viaturas da Polícia Militar, em troca de abatimento de impostos.

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Sobre a formação do futuro secretariado, Paulo Pinheiro fez mistérios, mas afirmou que os responsáveis pelas secretarias de Saúde e Educação, pastas que julga mais complexas dentro da administração, devem ser divulgados nos próximos dias. Os demais nomes se tornarão públicos no dia 15 de dezembro.

Até o momento, apenas Gislaine Pinheiro, filha do parlamentar, coordenadora de sua equipe de transição e atual presidente do PMDB de São Caetano, está confirmada como assessora especial do futuro prefeito. Nos bastidores, ventila-se que a vice-prefeita eleita Lúcia Dal’Mas é nome certo para a Secretaria de Educação. O jornalista e assessor de imprensa de Pinheiro, Fernando Scarmelloti, deve assumir a pasta de Comunicação.

O coronel José Quesada Farina, coordenador do planejamento de Segurança de Pinheiro, e Sallum Kalil Neto, que também integra a equipe de transição do peemedebista, estão cotados para as secretarias de Segurança e Saúde, respectivamente.

Obra viária

De acordo com Pinheiro, São Caetano pode ganhar uma avenida paralela à avenida Goiás, com o projeto de rebaixamento dos trilhos da linha da CPTM, que o futuro prefeito pensa em realizar em parceria com os governos estadual e federal. “Tenho em mente, mas não sei se vou conseguir. A obra começaria ali no início da GM e iria até o fim das avenidas Guido Aliberti e Presidente Wilson, com praticamente dois quilômetros”, explicou.

Verticalização

Pinheiro classificou como irresponsável e inconsequente a verticalização desenfreada em São Caetano, e disse que deve atuar na questão a partir do segundo ano de mandato. “Foi algo impensado, liberar a construção de tantos prédios. Nesses últimos quatro anos, foram 250 autorizações, sendo que 125 prédios já foram concluídos, 15 estão começando agora e ainda tem 110 pela frente. A qualidade de vida em São Caetano piorou, porque a cidade não tem estrutura para segurar esses novos moradores”, avaliou.

Divisão de impostos com Mauá

Durante a entrevista, Pinheiro lembrou da polêmica gerada durante o período eleitoral, sobre a divisão do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] da Transpetro, subsidiária da Petrobras na cidade, com Mauá, cidade que estará sob o comando do petista Donisete Braga a partir do ano que vem.

À época, o então postulante ao Palácio da Cerâmica fez uma visita a Sérgio Machado, presidente da Transpetro, no Rio de Janeiro, para discutir a permanência da receita proveniente dos impostos obtidos pela unidade petrolífera e outras parcerias, como um convênio de cursos com a USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) para obtenção de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho. 

Confira trechos da entrevista:

RD: Uma das perguntas recorrentes nos últimos dias diz respeito à transição do seu governo com o governo do atual prefeito José Auricchio Jr. (PTB). Como que está essa transição? Há dificuldades em obter informações a respeito das secretarias?

Paulo Pinheiro: Essa transição já tem mais ou menos um mês. Dois dias por semana, quatro coordenadores de transição indicados por mim [Sallum Kalil, Gislaine Pinheiro, Jarbas Zuri e Marco Antonio Santos da Silva] conversam com quatro coordenadores indicados pelo atual prefeito [Sonia Nogueira, secretária da Fazenda, Lázaro Leão, secretário de Planejamento, Marcelo Auricchio, assessor especial de Gabinete e Rosana Escanho Monfré, do Controle Interno da Prefeitura], de maneira amistosa. Eles procuram repassar ao nosso pessoal o que estamos pedindo. Eu acho que, logicamente, até dezembro não vai dar para ver tudo. A partir de janeiro, continuarei averiguando todas as pastas, para que a gente possa, já com o pé no chão, saber do que está acontecendo na administração.

RD: A cidade tem passado por problemas sérios de manutenção e fornecimento de materiais. Há muitas informações e reclamações nesse sentido? Como que o sr. está vendo a situação financeira do município e já há um relatório mais preconizado em relação a isso?

Pinheiro: Sobre falta de material, principalmente, eu recebo mais reclamações na área da Saúde. Falta de medicamentos, falta de materiais, papel higiênico, seringas. Logicamente, no governo atual eu não tenho como interferir. Mas se a situação não mudar, em janeiro, tentarei fazer o máximo, no período mais breve possível, para que essas dificuldades sejam sanadas.

RD: Mas com as informações que o sr. tem, como que está a situação financeira de São Caetano?

Pinheiro: Por enquanto é cedo para dizer. Essa transição que está sendo feita é justamente para verificar essa dificuldade. Preciso ver os dados para saber o que fazer sobre essa situação. Tenho sabido que, realmente, a Prefeitura está com dificuldades para sanar os débitos com seus credores. Quando eu assumir minha gestão, verei de quanto é esse montante, conversarei com os credores. Não quero deixar de pagar a ninguém, mas vou pagar da maneira que eu possa pagar.

RD: 2013 vai ser um ano para por a casa em ordem?

Pinheiro: Será um ano crítico. Dependendo de como eu receber a casa agora, vou poder investir mais ou menos nos serviços da cidade. Eu torço para que tenham poucos problemas, principalmente em termos financeiros, para eu poder investir mais na Saúde, Segurança, Educação e em outras pastas.

RD: Atualmente, a gente passa por um cenário de violência no Estado de São Paulo e na região. A questão da Segurança tem passado, desde o período eleitoral, sobre a discussão de ações efetivas nessa área, embora não seja uma atribuição da Prefeitura, mas sim do Estado. O sr. tem dito que vai atuar nessa área. Quais são as ações mais urgentes que executará assim que tomar posse?

Pinheiro: Durante a campanha, nós fizemos pesquisas na cidade, e detectamos que 40% da população está insatisfeita com o setor. Por isso, a minha prioridade será Segurança, já no primeiro dia da minha administração. Eu estou fazendo tratativas agora para que, quando eu começar a minha administração, a cidade já sinta uma diferença na Segurança. As tratativas seguirão com o Governo Estadual, para que aumentem o efetivo da Polícia Militar para a cidade. Vou, com recursos do município, tentar comprar viaturas da PM; dar uma ajuda de custo para a Polícia Militar, para que os salários sejam equiparados aos de outras cidades, como São Bernardo, Santo André, São Paulo, onde os profissionais ganham mais pelo número maior de habitantes.

RD: Há algum programa especial em relação à compra de viaturas?

Pinheiro: Eu tenho que ver as finanças quando eu assumir em janeiro. Mas não temos recursos. Eu estou fazendo tratativas para que eu realmente possa adquirir essas viaturas de uma montadora e, em contrapartida, eu possa conceder descontos de IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano], ISS [Imposto Sobre Serviços], outro recurso que a Prefeitura deveria receber. É uma troca de interesses. A montadora cede viaturas e eu faço abatimento nos impostos que ela deveria remeter à cidade. Essa é uma das ações.

RD: Quais serão as medidas mais urgentes em relação à Saúde?

Paulo Pinheiro: Principalmente o que falamos há pouco. Ver o que estão faltando de insumos, medicamentos, seringas, equipamentos sucateados e inoperantes, máquinas quebradas, todos esses equipamentos que precisam ser atualizados. A população deve sentir, a curto prazo, uma melhora no atendimento da Saúde. Os medicamentos, que são mais urgentes, vou priorizar assim que tomar posse.

RD: Como que está o clima, como prefeito eleito, com os vereadores da base do atual governo?

Pinheiro: Está o melhor possível. Os vereadores são antigos, nós já nos conhecemos. Há um grau de relacionamento, de amizade e confiança que acho que vai me ajudar a levar a eles a necessidade da população por melhorias de serviços. Com os vereadores novos, estou fazendo essa tratativa também. Ainda não conversei com todos sobre assuntos políticos, apenas fizemos uma confraternização. Mas vamos entrar nesse entendimento.

RD: Qual é o perfil do seu futuro líder de governo na Câmara?

Pinheiro: O perfil é de uma pessoa de confiança, que realmente vai saber passar aos outros vereadores aquilo que eu quero, que esclareça as dúvidas e converse comigo sobre os projetos de lei.

RD: Há preferência para a presidência da Câmara ou não pretende intervir nesse processo?

Pinheiro: Isso aí é com o Legislativo. Nesse caso, são poderes independentes. Os vereadores é que terão de resolver quem será o novo presidente da Câmara. Eu fico na expectativa para poder tratar com os novos componentes da mesa diretora, para que possamos criar um bom relacionamento pelo povo de São Caetano. Quem quer que seja esse presidente, nós entraremos em tratativas.

RD: É prevista uma reforma administrativa e enxugamento da máquina, para deixá-la mais eficiente?

Pinheiro: Nessa transição, nós estamos verificando o número de comissionados. Em 15 dias, teremos um quadro geral e saberemos o quanto será possível reduzir. Acredito que será bastante. Sobre a reforma, eu penso em fundir algumas secretarias mas, por enquanto, eu vou assumir com as mesmas.

RD: Mas há alguma em curso?

Pinheiro: Eu tenho na cabeça, mas não posso falar, para não criar um tumultuo nesse setor.

RD: Sobre a montagem do secretariado, todos os nomes já estão definidos em sua cabeça?

Pinheiro: Não. Tenho alguns nomes, mas ainda não mencionei nenhum. Logicamente, como são 16 secretarias, ao longo desse resto de mês, articularei com pessoas que são técnicas para as determinadas áreas, farei os convites e, até 15 de dezembro, poderemos anunciar.

RD: As pastas de Saúde e Educação, o sr. até chegou a comentar que irá antecipar, pela urgência. Já há indicados?

Pinheiro: Para essas pastas, sim. Já tenho em mente, mas preciso conversar com eles. Essas duas áreas são as mais complexas da administração. Eu preciso realmente de pessoas técnicas que possam, a curto prazo, ver a situação real dessas duas pastas, para entrar em tratativas com a gestão atual e, em 1º de janeiro, já começar a atuar na área.

RD: Os prefeitos eleitos Donisete Braga (PT), de Mauá, e Carlos Grana (PT), de Santo André, já têm feito algumas viagens a Brasília, em busca de recursos do Governo Federal. O sr. tem tratado desse assunto? Como está sua relação com o Governo Federal?

Pinheiro: O vice-presidente da República, Michel Temer, é do PMDB, meu partido. E ele tem declarado apoio e vontade de me ajudar em São Caetano do Sul. Eu estou com essa esperança. Pretendo fazer essa tratativa com o Governo Federal assim que eu tomar conhecimento da situação da casa, após o primeiro mês de posse.

RD: Quais são as áreas que podem contar com recursos do Governo Federal?

Pinheiro: A Saúde, prioritariamente; Educação e Segurança, se eu não conseguir os recursos próprios para essa área. Vou entrar em contato com o Temer e outros deputados, até de partidos coligados, inclusive.

(Colaborou Cíntia Alves)

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