Não adianta ter mais lixeiras se elas são desprezadas ou destruídas por vândalos, diz ambientalista

Lixeira quebrada em Santo André (Foto: Marciel Peres)

Bueiros entupidos, cidade suja. Os efeitos negativos do ato de se jogar papel na rua não são novidade para ninguém. Mesmo assim, um olhar mais atento pelas vias dos municípios da região mostra que há sempre alguém disposto a dispensar embalagens e afins no passeio público.

Apesar de a responsabilidade recair, principalmente, sobre o cidadão que jogou o lixo fora do lugar adequado, as prefeituras têm papel crucial no processo: limpar as ruas e disponibilizar lixeiras públicas em quantidade suficiente – o que nem sempre acontece. É papel também do poder público realizar a manutenção dos equipamentos.

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O centro das cidades costuma concentrar o maior número de lixeiras. Nos bairros, no entanto, a quantidade muitas vezes é insuficiente. As prefeituras prometem ampliar a quantidade de papeleiras, que chegam hoje a mais de 7 mil nas cidades do ABC.

Em Ribeirão Pires, há cerca de 200 lixeiras distribuídas pelas ruas do Centro e bairros, e há promessa de instalar mais 20, mas sem definição de local e prazo. A decisão vai levar em conta a demanda – quantidade de lixo descartado, como em pontos de ônibus – ou em atendimento à solicitação de moradores.

Mauá também prevê a ampliação no número de papeleiras. Há cerca de 300 delas instaladas na cidade. No ano passado, a maioria das lixeiras foi trocada e novas papeleiras foram instaladas.

Até a primeira quinzena de abril, 27 equipamentos serão disponibilizados no Parque São Vicente e Parque das Américas. De acordo com a Prefeitura de Mauá, entre 7% e 10% das lixeiras são vítimas do vandalismo.

Em Diadema, está em andamento a instalação de lixeiras por meio de termo de concessão de uso, que envolveu licitação. A empresa responsável está instalando as lixeiras, na cor verde, e faz a manutenção e a troca das mesmas quando necessário. De acordo com o termo de concessão firmado, a empresa utiliza as papeleiras para veiculação publicitária de terceiros. Do lote inicial previsto de 175, já foram instaladas 105 lixeiras.

Varrição
São Bernardo é a cidade com maior número de lixeiras na região: 4 mil. Cerca de 120 são substituídas por mês. As papeleiras são instaladas em locais onde há varrição e a meta é ampliar o serviço nestes locais. “Temos como objetivo varrer uma área maior a partir do ano que vem, em alguns bairros novos, em processo de urbanização”, explica o diretor do Departamento de Limpeza Urbana, Maurício Cardozo.

Moradora do bairro Cidade São Jorge, em Santo André, a dona de casa Maria das Dores Rocha, reclama da falta de lixeiras. “Já aconteceu de eu não achar lugar para jogar o lixo no bairro”, afirma. A cidade tem cerca de 1,2 mil papeleiras. “Acho que deveria aumentar a quantidade. Apesar de que já me acostumei a sempre guardar o lixo na minha bolsa para depois jogar em casa”, conta a doméstica Adriana dos Santos, que costuma andar pela rua Coronel Oliveira Lima.

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), responsável pela manutenção dos equipamentos, informa por meio de nota que a autarquia trabalha “para elevar o número de papeleiras nos locais de grande fluxo de pessoas, mesmo contando com número significativo distribuído em toda a cidade”.

São Caetano não tem previsão de ampliação no número de papeleiras, que hoje chegam a 1,5 mil espalhadas em toda cidade. Todos os meses são gastos cerca de R$ 5 mil na troca de aproximadamente 150 lixeiras.

Educação também é importante, aponta ambientalista
A ampliação no número de lixeiras é uma medida importante, mas também é essencial que o cidadão tenha consciência e não jogue lixo na rua. Esta é a avaliação do arquiteto e urbanista ambiental Fábio Vital.

“A questão é cultural. Tem que jogar o lixo com disciplina. Não adianta o poder publico colocar mais lixeira se elas são desprezadas ou destruídas por vândalos.”, afirma Vital.

A presença da papeleiras é considerada essencial pelo ambientalista. “Se buscamos uma cidade mais limpa, mais comportada na questão de resíduo do dia a dia, é essencial a presença das lixeiras”, avalia o especialista. “Já aconteceram situações onde eu tive que guardar o lixo no bolso porque não tinha lixeira”, completa.

Na avaliação de Vital, as prefeituras devem levar em conta o perfil econômico de cada bairro na hora de decidir sobre a instalação de lixeiras. “Você tem que ver o número de passantes e também as alternativas de consumo. Se é um local que tem uma lanchonete, barzinho e outras questões de consumo, as pessoas vão acabar andando com a embalagem na mão”, afirma.

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