O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, assinou nesta sexta-feira (15) o acordo de cessar-fogo com a Rússia, que protege interesses da ex-república soviética, apesar de fazer concessões a Moscou.
A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, ao lado do presidente da Geórgia, disse a Saakashvili que recebeu garantias de que o presidente russo Dimitri Medvedev assinará um documento igual. Mesmo assim, ela fez fortes críticas ao presidente russo.
Rice criticou a Rússia por não honrar suas promessas de parar as operações militares na Geórgia. “A garantia verbal que o presidente (Dimitri) Medvedev deu, de que os militares russos haviam parado…Claramente não foi honrada,” ela disse.
Muitos veículos militares russos se concentraram nesta sexta-feira na entrada da cidade de Gori, na Geórgia central. Mais tarde nesta sexta-feira, horário local, um comboio de dez veículos militares russos saiu de Gori e parou em uma posição a apenas 40 quilômetros de Tbilisi, capital da Geórgia.
Saakashvili, emocionado, disse que “nunca, jamais” a Geórgia se “conciliará com a ocupação”, ou admitirá a perda de um quilômetro quadrado de seu território.
Saakashvili falou algumas horas após o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ter acusado a Rússia de ameaçar e intimidar a Geórgia. “Ameaças e intimidações não são caminhos aceitáveis para conduzir a política externa no século XXI,” disse Bush em um comunicado formal, na Casa Branca.
A carnificina irrompeu na semana passada, quando a Geórgia lançou o ataque contra a capital da província separatista da Ossétia do Sul, Tskhinvali. A Ossétia do Sul, na prática, já é independente da Geórgia desde meados da década de 1990. A maioria dos ossétios tem cidadania russa.
Moscou respondeu ao enviar tanques para dentro da Ossétia do Sul e bombardeou as bases militares georgianas, atingindo algumas cidades na Geórgia, fora das províncias separatistas.
Saakashvili não parecia entusiasta com o cessar-fogo, mas Rice defendeu o documento como uma maneira de voltar todas as forças às posições antes da guerra. Ela disse que o cessar-fogo obriga a Rússia a retirar imediatamente todas as suas tropas da Geórgia.
“A Geórgia foi atacada. As forças russas precisam deixar a Geórgia de uma vez,” ela disse, pedindo por uma “retirada imediata e ordeira,” das tropas russas e dos paramilitares que invadiram a Geórgia.
Enquanto as tensões crescem entre Moscou e Washington, Medvedev também entrou em desacordo sobre a questão com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, durante uma reunião dos dois líderes no balneário russo de Sochi, no Mar Negro.
Enquanto Medvedev reafirmava o apoio russo às províncias separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, Merkel desaprovou a Rússia pelo uso “desproporcional” da força e disse que a integridade territorial da Geórgia precisa ser um “ponto básico” em qualquer plano para restaurar a paz no Cáucaso.
“Se alguém continuar a atacar nossos cidadãos, nossas tropas de paz, então é claro que responderemos como fizemos,” disse o presidente russo.
“A Rússia, como garantidora da segurança no Cáucaso e na região, tomará uma decisão que sem ambigüidade apoiará a vontade desses dois povos do Cáucaso,” alertou Medvedev.
Segundo ele, as duas províncias separatistas não podem mais viver no mesmo país que os georgianos. “Infelizmente, após o que aconteceu, é improvável que os ossétios e abkhazes queiram viver no mesmo Estado que os georgianos,” disse Medvedev.