Falta de verba prejudica trabalho do futebol amador na região

A falta de apoio financeiro para os mais de 150 clubes de futebol amador existentes em Santo André tem prejudicado a participação dos times em campeonatos e até mesmo na realização de atividades sociais, uma vez que parte destes clubes atua com programas sociais voltados para crianças e adolescentes carentes.

“Participar de jogos, seja dentro do campo ou apenas assistindo, muitas vezes é a única opção de lazer dentro de uma comunidade”, diz o presidente do Ipiranga Futebol Clube, Alexandre de Freitas. “Temos um grande apoio da comunidade, mas nos sentimos esquecidos pelo poder público”, lamenta. Neste ano, por falta de verba, o clube teve de se dedicar apenas ao time principal, deixando categorias como sub-20 e veteranos de lado.

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A mesma dificuldade é enfrentada pela Sociedade Esportiva Vila João Ramalho, comandada por Evandro Mendes Fiuza. Fundado em 1972, o clube conta atualmente com as categorias de base (pré-mirim, mirim e infantil), júnior, principal e veteranos. Entretanto, a escassez de dinheiro impediu os veteranos e os juniores de participarem de campeonatos neste ano.

As condições do campo de futebol também não são ideais para a realização de jogos. Localizado em um terreno público, o espaço é rodeado por casas instaladas em um morro. Uma delas cedeu e destruiu o banco de reservas. “Além disso, não conseguimos cercar o campo, pois o material que nos deram não veio com a medida correta”, lamenta. A sede, local que abriga os vestiários e espaço de recreação, também precisa ser reformado para melhor acomodar os jogadores.

Fundo

Pensando em uma forma de garantir o repasse de recursos para o futebol amador da cidade, uma lei aprovada em 2006 criou o Fundo Municipal de Apoio ao Futebol Amador. “Esta é uma ferramenta que a prefeitura encontrou para auxiliar o esporte”, conta o diretor de Esportes da cidade, Almir Padalino. Neste ano o repasse foi de R$ 77,9 mil, utilizado para o pagamento de parte dos gastos com a arbitragem.

O gasto anual com arbitragem na cidade fica em torno de R$ 460 mil. Como o fundo não cobre este valor, o restante fica a cargo dos próprios clubes. “A decisão sobre como e onde a verba dada pela prefeitura será utilizada é tomada pelo conselho gestor do Fundo Municipal”, ressalta o diretor de Esportes. Este conselho é formado por representante do Departamento de Esportes, da Secretaria de Finanças, da Liga e dos clubes de futebol amador da cidade.

Durante a eleição do representante dos clubes no conselho, realizada no último mês, o presidente da Liga de Futebol Amador de Santo André, José Teixeira, o Zezão, cobrou uma maior participação dos clubes na luta por mais recursos públicos. “Dos 63 clubes com direito a voto, apenas 15 participaram da eleição. Esse número é muito baixo. Se não nos unirmos e mostrarmos que existimos e que somos importantes para a cidade, o Executivo vai dar dinheiro para outras modalidades de esportes, e não para nós”, destaca.

“Um incentivo maior, tanto do poder público quanto dos empresários, em forma de patrocínio, pode fazer toda a diferença. Sabemos que o futebol amador não é o único esporte que precisa de incentivo, mas precisamos de mais atenção. O valor que chega até nós é muito pouco se comparado com a nossa representatividade, pelo lazer e pelos trabalhos sociais que oferecemos para as pessoas com menor poder aquisitivo”, afirma o presidente da Liga de Futebol Amador.

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